Versículo base: “Mas julgará com justiça os pobres e decidirá com equidade a favor dos mansos da terra. Castigará a terra com a vara de sua boca e com o sopro dos seus lábios matará o perverso. O cinto dele será a justiça, e a verdade será a faixa na cintura.” Isaías 11.4-5.
No dia 18 de dezembro, a Igreja proclama a segunda Antífona do Ó, dizendo: “Ó Adonai, guia da casa de Israel, vem me resgatar com o poder do teu braço.” Neste clamor, reconhecemos Cristo como o verdadeiro Senhor, o “Adonai” que governou o povo de Israel no Antigo Testamento e que hoje vem ao nosso encontro com justiça, poder e graça para nos resgatar.
A palavra Adonai é uma palavra hebraica que significa “Senhor”. No Antigo Testamento, Yahweh é o nome pessoal de Deus. No entanto, por respeito e temor de transgredir o segundo mandamento, os judeus passaram a usar “Adonai” como substituto, especialmente durante o período intertestamentário.[1] Esse costume foi assimilado pelos primeiros cristãos, e até hoje “Senhor” é utilizado como um título divino, reconhecendo o governo e a autoridade do Deus verdadeiro. Quando a Igreja ora “Ó Adonai”, está invocando Cristo como o Senhor soberano, o Deus que guiou Israel no passado e que agora nos guia com o mesmo poder e fidelidade.
Em Isaías 11.4-5, o profeta descreve o Messias prometido: “Mas julgará com justiça os pobres e decidirá com equidade a favor dos mansos da terra. Castigará a terra com a vara de sua boca e com o sopro dos seus lábios matará o perverso. O cinto dele será a justiça, e a verdade será a faixa na cintura.” Essas palavras nos mostram a ação reta e poderosa do Senhor. Diferente dos governantes humanos, Cristo governa com perfeita justiça, sempre em favor mansos e dos necessitados. Ele não age com interesse próprio nem com parcialidade. Seu juízo é reto e perfeito, pois ele conhece todas as coisas e vê a verdade que está nos corações.
Quando Isaías fala que “castigará a terra com a vara de sua boca” e “com o sopro dos seus lábios matará o perverso” (Is 11.4), ele está destacando o poder da Palavra de Deus. A Palavra do Senhor não é vazia ou fraca, mas poderosa para realizar tudo o que diz. Cristo governa com a “vara de sua boca”, ou seja, a sua Palavra, que nos exorta, corrige, salva, fortalece e nos guia. Como o próprio Jesus afirmou: “As palavras que eu lhes tenho falado são espírito e são vida.” (João 6.63).
Quando olhamos para tudo isso, reconhecemos a nossa fragilidade. Assim como Israel no deserto, somos incapazes de nos guiar sozinhos. Muitas vezes, confiamos demais em nossos próprios caminhos, mas o pecado nos engana e nos afasta da vontade de Deus. É por isso que precisamos do “Adonai”, o Senhor soberano, que nos resgata com o poder do seu braço. Cristo veio ao mundo para nos libertar do pecado, da morte e do poder do diabo. Na cruz, ele venceu o mal e nos trouxe a redenção com seu próprio sangue.
Hoje, Cristo continua vindo a nós por meio da sua Palavra e dos Sacramentos. A Palavra de Deus nos guia, nos ensina e nos fortalece. Na Ceia, Cristo nos dá o seu verdadeiro Corpo e Sangue, garantindo-nos o perdão dos pecados e a força necessária para vivermos na justiça e verdade que ele mesmo nos dá.
Por isso, nesta segunda Antífona, clamamos com fé e esperança: “Ó Adonai, guia da casa de Israel, vem me resgatar com o poder do teu braço.” Cristo, o Senhor soberano, já veio para nos resgatar, vem hoje para nos fortalecer e virá novamente em glória para nos levar à vida eterna.
Que possamos confiar na justiça e no poder do Senhor, descansando na certeza de que Ele governa com verdade e nos resgata com Seu braço poderoso.
Oração: Ó Adonai, Senhor soberano da casa de Israel, nós Te louvamos porque governas com justiça e verdade. Resgata-nos com o poder do Teu braço e fortalece-nos com a Tua Palavra e com a Tua Ceia. Ensina-nos a viver em retidão e a confiar no Teu governo perfeito, até o dia em que estaremos para sempre Contigo. Por Jesus Cristo, nosso Senhor, que vive e reina contigo e com o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.
Rev. Filipe Schuambach Lopes
18/12/2024 A+D
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[1] O uso de Adonai (אֲדֹנָי) como substituto para o nome Yahweh começou a ser praticado durante o período intertestamentário. Esse período corresponde ao intervalo de cerca de 400 anos entre o fim do Antigo Testamento (por volta de 430 a.C., com o profeta Malaquias) e o início do Novo Testamento (com o nascimento de Jesus Cristo).
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