terça-feira, 12 de novembro de 2024

Os Sacramentos na Igreja Luterana


Na Igreja Luterana, acreditamos que existem dois meios pelos quais Deus nos concede a sua graça salvadora: a Palavra de Deus e os Sacramentos. Na Igreja Luterana, chamamos de Sacramentos o Batismo, a Santa Ceia e, conforme as Confissões, a Santa Absolvição.

A Palavra de Deus – que é a mensagem sobre Deus e que vem de Deus – é uma das formas pelas quais podemos receber a graça divina. É uma maneira de conhecermos Deus e, a partir daí, começarmos um novo relacionamento com Ele. Os Sacramentos são encontros não apenas com a Palavra de Deus, mas com Jesus, que é a própria Palavra encarnada. O Sacramento é a Palavra vivida e experimentada. Por isso, a fé cristã não é só uma religião da Palavra escrita ou falada, mas também uma religião de encontro e vivência.

Nos Sacramentos, encontramos Deus não apenas por meio da Palavra, mas de uma forma real em nossas vidas. Assim, temos a possibilidade de receber a vida eterna. Contudo, a Palavra fala principalmente à nossa mente, à nossa capacidade de pensar e entender. Mas nós, seres humanos, somos muito mais do que lógica e compreensão. Precisamos de algo que vá além, que nos toque de forma a ultrapassar a razão, que vá além das palavras.

Podemos dizer coisas lindas sobre uma pessoa, descrevê-la em muitos detalhes, mas só podemos realmente conhecer, amar e entender essa pessoa quando a encontramos, passamos tempo com ela e, melhor ainda, quando convivemos com ela.

A Palavra é apenas o começo; o Sacramento é a realização máxima da vida entre nós e Deus, pois cada pessoa é mais do que ela própria sabe ou entende sobre si.

O Sacramento não é uma força mística que age de forma completamente desconhecida e misteriosa sobre as pessoas. Ele é uma das formas pelas quais Deus age em nós por meio da sua Palavra. Ele é um dos meios da graça de Deus. Nesse sentido, o Sacramento realmente age, mesmo que, racionalmente, permaneça um mistério para nós.

A palavra grega “mysterion”, traduzida para o latim como “sacramentum”, não significa apenas algo escondido ou incompreensível, mas também algo que revela e explica.

Podemos não entender exatamente como funciona – por que, por meio dessas palavras e desse sinal, Cristo entra em nós –, mas mesmo assim podemos vivenciar isso. A única coisa necessária é termos fé.

Sobre a Santa Ceia, Martinho Lutero diz no “Catecismo Maior” o seguinte:
“Pois Cristo me ordena comer e beber, para que o sacramento seja propriedade minha e me seja de proveito como seguro penhor e sinal, sim, como exatamente o bem que foi estabelecido para meu benefício na luta contra o meu pecado, a morte e toda desgraça. Por isso, é com razão que ele se chama alimento da alma, que nutre e fortalece a nova natureza. Porque, pelo batismo, primeiro nascemos de novo. Entretanto, como já foi dito, ainda permanece na pessoa a velha pele, em forma de carne e sangue. São tantos os obstáculos e os ataques do diabo e do mundo que muitas vezes ficamos cansados e fracos, e vez por outra também tropeçamos. Por isso, a Santa Ceia nos é dada como pasto e alimento diário, para que a fé se restaure e fortaleça, a fim de que nessa luta ela não sofra revés, mas se torne cada vez mais vigorosa.”[1]
Todos os membros da Igreja Luterana (IELB) que foram batizados e confirmados podem participar da Santa Ceia, desde que não tenham sido excluídos da congregação ou da Igreja, e não estejam vivendo em pecado aberto e não arrependido. Também podem participar os membros de igrejas parceiras da IELB, que têm comunhão de altar conosco, desde que sejam batizados e confirmados.


[1] Catecismo Maior, do Sacramento do Altar in Livro de Concórdia, 2021, p.505, [22-24]


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