terça-feira, 21 de janeiro de 2025

Fórmula de Concórdia - Janeiro: Pecado Original


Este mês, damos início à nossa caminhada de um ano pela Fórmula da Concórdia e documentos relacionados das Confissões Luteranas. Espero que você se junte a nós enquanto nos aprofundamos nas Confissões este ano.

Nas leituras de janeiro, os reformadores esclarecem duas questões importantes: Qual é o nosso problema e onde encontramos a solução?

Qual é o nosso problema?
Nosso problema é que somos pecadores e impuros, mortos em pecado (Ef 2.1–3). Essa corrupção não é uma corrupção menor, onde temos uma pequena chance de nos salvar, mas uma corrupção que precisa de uma ressurreição (Rm 6.11). No entanto, devemos ter cuidado para não dizer que o Senhor é o autor do pecado. Em meiados de 1560, um teólogo chamado Matias Flacius[1] sustentou que o pecado original era a própria “substância” da humanidade. Isso seria como dizer que, se eu visto uma camisa do Flamengo, eu mesmo me torno a camisa! Não — continuo sendo um ser humano que está vestindo a camisa. Somos criação de Deus (Sl 110.3; At 17.28). Deus não é o autor do pecado, mas desde a nossa concepção somos corrompidos (Sl 51.5) e necessitamos de um Salvador.

Onde encontramos a solução?
Nas Escrituras proféticas e apostólicas do Antigo e do Novo Testamento (2Tm 3.15-17). A Epítome fundamenta sua confissão na Palavra de Deus (Hb 4.12): nossa única solução é o Verbo que se fez carne (Jo 1.14), Cristo, que assumiu a nossa natureza humana, mas sem pecado, para que, assim como Ele foi ressuscitado dos mortos, aguardemos com esperança a nossa ressurreição final (1Co 15.51-57), onde não haverá mais corrupção.

Clique aqui para baixar o plano de leitura da Fórmula de Concórdia.

Deus te abençoe!

- Texto traduzido e adaptado de January Readings Introduction: Original Sin, escrito pelo Rev. Brady Finnern (LCMS) e publicado em https://witness.lcms.org/2024/reading-plan/.

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[1] Nota do tradutor: Matias Flacius Ilírico, natural da região do Ilírico (atual Croácia), foi aluno de Lutero e Melanchthon. Em 1560, durante um debate em Weimar com Vitorino Strigel, Flacius apresentou uma distinção entre "essência formal" e "essência material". Ele afirmou que o pecado original era tão grave que havia se tornado a "essência formal" ou formadora do ser humano caído, enquanto a "essência material" ainda mantinha características humanas, como razão e vontade. Flacius chegou a dizer que o ser humano caído estava "na imagem de Satanás", o que fez com que muitos considerassem sua visão maniqueísta. Strigel, por outro lado, defendia que o pecado original era um "acidente", segundo a filosofia de Aristóteles, ou seja, algo que corrompe o ser humano, mas não altera sua essência. O ensino de Flacius gerou grande controvérsia. Após sua morte, em 1575, sua visão foi defendida por alguns, como Ciríaco Spangenberg, mas rejeitada por filipistas e até por amigos gnesioluteranos, que acreditavam que ele estava negando a humanidade do ser humano caído. A teologia luterana rejeitou essa ideia, defendendo que, apesar de totalmente corrompido pelo pecado, o ser humano ainda é uma criatura de Deus, amada e redimida por Cristo.

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