quarta-feira, 5 de março de 2025

O Tempo da Páscoa e o Período da Quaresma

Um cordeirinho quer levar
a culpa dos culpadose com paciência carregar
dos homens os pecados.
Curvado sob pesada cruz,
privado de consolo e luz,
caminha para a morte.
Entrega-se ao vil matador,
não teme cravos nem dor,
não chora a sua sorte. (HL 89.1)
A Páscoa celebra o evento mais importante da vida de Cristo e foi a principal celebração entre os primeiros cristãos. Como a Páscoa é uma data móvel e também uma das maiores festas do Ano Eclesiástico, ela determina grande parte do calendário litúrgico da Igreja. De maneira geral, a Páscoa é celebrada no primeiro domingo após a primeira lua cheia, que ocorre após ou no equinócio de outono. A data da Páscoa influencia diretamente o dia da Quarta-feira de Cinzas, que acontece quarenta dias antes da Páscoa (sem contar os domingos); a data da Transfiguração, que é o domingo anterior à Quarta-feira de Cinzas; e também o número de domingos durante o Tempo da Epifania e após o Pentecostes.

Período da Quaresma
Durante quarenta dias, excluindo os domingos (que continuam sendo celebrações da Ressurreição), a Igreja observa o período da Quaresma.
Às margens dos rios da Babilônia, nós nos assentávamos
e chorávamos, lembrando-nos de Sião. (Salmo 137.1)
A Quaresma começa com essa percepção. Somos um povo exilado. Estamos vagando longe de nossa verdadeira casa. E, assim, o início do arrependimento não é apenas o medo que encontramos ao vagar em uma terra estranha. O começo do arrependimento é sempre a saudade de casa—algo que o Espírito Santo desperta dentro de nós para nos fazer desejar o lar. Na Igreja, às vezes vislumbramos essa pátria de uma maneira que não experimentamos em nenhum outro lugar, enquanto o Espírito agita em nós a fome por ela. Sentimos uma dor por casa; ansiamos por ela. O lar é a comunhão com a Santíssima Trindade, na companhia dos santos anjos e de todos os redimidos.

A Quaresma nos ensina a confessar quantas vezes nos acomodamos na terra do exílio, como se fosse nossa verdadeira morada. Ela nos confronta com a maneira como tentamos acalmar o desejo que o Espírito criou, nos perdendo em prazeres físicos ou psicológicos. Mas isso nunca funciona. Tudo sobre a existência da Igreja desperta essa saudade em nós. Por meio de seus hinos, sua liturgia, suas leituras e suas disciplinas, ela busca nos ajudar a sentir essa falta e desejar aquilo que nunca será totalmente satisfeito deste lado do céu.

Até mesmo a Santa Ceia faz esse desejo crescer ainda mais em nós, pois percebemos que é isso que ansiamos: não apenas o momento breve de estar de joelhos diante do altar, mas a união eterna com Cristo; sua vida sendo nossa vida; sua alegria, nossa alegria; sua paz, nossa paz. No entanto, esse breve gosto é suficiente para nos assegurar que temos um lar e nos faz determinados a não nos contentarmos com nada menos.

Fonte: WEEDON, William. Celebrating the Saints (Concordia Publishing House, 2016)

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