Há exatos 500 anos, em 13 de junho de 1525, Martinho Lutero, então com 42 anos, casou-se com Katharina von Bora, uma ex-freira de 26 anos (1499–1552). Na época, esse ato era considerado um “crime” segundo o direito canônico vigente, passível até de pena de morte, e foi visto por muitos como um escândalo. O casamento dos dois durou vinte e um anos e foi abençoado com seis filhos. Após a morte de Lutero, Katharina ainda viveria por mais seis anos.
A decisão de Lutero de se casar com Katharina teve mais motivações teológicas do que românticas. Ele disse ter feito isso para “agradar seu pai, provocar o papa, fazer os anjos rirem e os demônios chorarem.” Katharina foi a única das ex-freiras do convento de Nimbschen que, após fugirem para Wittenberg em abril de 1523, ainda não havia se casado nem encontrado emprego estável. As demais já haviam se estabelecido. Os motivos que levaram Katharina a aceitar o casamento com Lutero intrigam os historiadores até hoje. Ela recusou diversas propostas de casamento, mas confidenciou ao amigo de Lutero, Nicolaus von Amsdorf, que aceitaria se fosse dele — ou de Lutero! No fim, foi Lutero quem a conquistou, apesar das reservas de amigos como Philipp Melanchthon, que tinham dúvidas tanto sobre o casamento em si quanto sobre Katharina.
Naquele 13 de junho, a cerimônia foi simples e privada, com testemunhas como Justus Jonas, JohannesBugenhagen e o casal Lucas e Barbara Cranach. Mais tarde, em 27 de junho, houve uma recepção pública e festiva. O casal passou a viver no antigo mosteiro agostiniano de Wittenberg — conhecido como “Claustro Negro” — que se tornou não apenas o lar da família, mas também hospedaria, hospital e até cervejaria doméstica, tudo organizado com competência por Katharina, mulher de notável talento e energia.Mas como seria a vida matrimonial dos Lutero? O contexto em que se casaram era bem distinto daquele dos casamentos dos dias de hoje. A vida familiar certamente foi desafiadora: um teólogo ativo e excomungado, considerado criminoso pelo império, casado com uma mulher que vivera a maior parte da vida enclausurada e que agora era lançada aos olhos do mundo.
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