No dia 26 de dezembro, a Igreja celebra Santo Estêvão, conhecido como o protomártir – o primeiro a derramar seu sangue por amor a Cristo após a ascensão de nosso Senhor. Estevão, um dos sete diáconos escolhidos pelos apóstolos, foi descrito como “cheio de fé e do Espírito Santo” (Atos 6.5) e desempenhou um papel significativo no serviço à Igreja nascente. Sua vida e morte nos ensinam lições sobre fé, coragem e amor, especialmente à luz do Natal.
O relato de Estêvão está registrado em Atos 6–7. Ele foi acusado injustamente pelos líderes religiosos devido à sua pregação sobre Jesus como o Messias. Em seu julgamento, fez um discurso contundente, resumindo a história da salvação e denunciando a resistência contínua dos líderes religiosos ao Espírito Santo. Suas palavras irritaram profundamente os acusadores, que o apedrejaram até a morte. Mesmo em seus últimos momentos, Estêvão orou: “Senhor, não os condenes por causa deste pecado!” (Atos 7.60), em clara referência às palavras de Cristo na cruz: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lucas 23.34).
Estêvão é muitas vezes retratado na arte cristã com pedras, simbolizando seu martírio, e com um ramo de palma, representando o triunfo da fé sobre a morte.
Santo Estêvão e o Natal
O Natal celebra o nascimento de Jesus, a encarnação de Deus para redimir a humanidade. Contudo, essa festa não ignora o custo da salvação: o caminho de Cristo é marcado pela cruz. A conexão entre o Natal e o martírio de Estêvão está na missão de Cristo: Ele veio para trazer reconciliação e vida, mas também advertiu que seus seguidores enfrentariam perseguição (cf. João 15.20).
Estêvão é um testemunho vivo desse paradoxo: a luz de Cristo brilhou em sua vida e, mesmo em sua morte, revelou o amor e o perdão que transcendem o ódio humano. Sua coragem e fé ecoam a mensagem do Natal – a vinda do Salvador que nos capacita a viver e morrer no amor de Deus.
Um chamado à reflexão
Ao comemorarmos Santo Estêvão no período natalino, somos chamados a lembrar que o nascimento de Cristo não é apenas um evento histórico, mas uma transformação contínua de nossas vidas. Como Estêvão, somos chamados a testemunhar o amor de Deus, mesmo diante de adversidades. Ele viu os “céus abertos e o Filho do Homem em pé à direita de Deus” (Atos 7.56), uma visão que confirmou sua fé e sua esperança na glória etern.
Neste dia, também oramos pelos cristãos perseguidos em todo o mundo. A memória de Estêvão nos lembra que o sofrimento por causa de Cristo não é em vão, mas uma expressão de fidelidade àquele que sofreu e morreu por nós. Como Valerius Herberger escreveu: “Ontem Cristo nasceu no mundo, para que hoje Estêvão pudesse nascer no céu.”[1]
Enquanto celebramos a encarnação de Cristo, que trouxe salvação a toda a humanidade, somos inspirados pelo exemplo de Santo Estêvão. Que sua vida e testemunho fortaleçam nossa fé, encham nossos corações de coragem e nos capacitem a proclamar o Evangelho com ousadia. O Natal e o martírio de Estêvão nos lembram que o caminho da cruz é, na verdade, o caminho da glória, e que, por meio de Cristo, o céu está aberto para nós. Amém.
Cor litúrgica: Vermelha
Leituras bíblicas
Oração do dia
Pai celestial, em meio aos nossos sofrimentos por causa de Cristo, concede-nos a graça de seguir o exemplo de Estevão, o primeiro mártir, para que também nós possamos olhar para aquele que sofreu e foi crucificado em nosso favor e orar por aqueles que nos fazem o mal; através de Jesus Cristo, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.
Leituras bíblicas
† Primeira Leitura: 2 Crônicas 24.17-22
† Salmo: Salmo 119.137-144
† Segunda Leitura: Atos 6.8-7.2a, 51-60
† Evangelho: S. Mateus 23.34-39
† Segunda Leitura: Atos 6.8-7.2a, 51-60
† Evangelho: S. Mateus 23.34-39
[1] Valerius Herberger, citado em Karl-Heinrich Bieritz, Das Kirchenjahr, p. 198.
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