Hoje, a Igreja se alegra ao lembrar o bem-aventurado Martinho Lutero, Doutor e Confessor.
Os caminhos de Deus podem ser surpreendentes. Ele levou seu servo Martinho de volta ao ponto onde tudo começou. Lutero nasceu em Eisleben, em 1483, e foi lá também que passou seus últimos dias na terra, em fevereiro de 1546. Na época, os príncipes locais em disputa e buscaram a ajuda do grande Reformador para resolver a questão de maneira cristã e piedosa. Mesmo com a saúde bastante debilitada, Lutero não quis ignorar esse pedido. Jesus disse: "Bem-aventurados os pacificadores", e foi justamente em serviço da paz que Lutero partiu deste mundo. No início, ele acreditava que seria martirizado por sua ousada confissão e, às vezes, parecia até lamentar que o Senhor não lhe tivesse concedido essa graça.
Lutero gastou todas as suas forças ensinando, pregando e auxiliando na Reforma das igrejas. Depois que ele compreendeu que a justiça que Deus exige na Lei é, na verdade, um dom que Ele concede gratuitamente para ser recebido pela fé, Lutero se tornou imbatível. De sua pena fluíram palavras sem parar: ele traduziu as Escrituras dos idiomas originais para o alemão, inúmeros hinos, diversas revisões das liturgias da Igreja, coleções de sermões e comentários bíblicos. Seu conselho era buscado por pessoas de todos os lugares. Mas sua vida monástica anterior já tinha deixado marcas profundas em sua saúde. Seu entusiasmo pelo ascetismo afetou seu corpo desde cedo. Lutero nunca fez nada pela metade quando se tratava da fé – nem antes de conhecer a alegria do Evangelho, nem depois. E foi com um corpo já fragilizado que ele enfrentou o imenso desafio da Reforma. No entanto, para ele, não havia outra maneira de viver: gastar suas forças servindo a Deus era a única vida que valia a pena.
Nos seus últimos momentos, Lutero confessou seus pecados a Justus Jonas e recebeu a absolvição. Quando a morte se aproximava, Jonas perguntou se ele desejava partir firme na fé que sempre havia confessado. Com toda a convicção, Lutero respondeu em alto e bom som: "Ja!" ("Sim!"). Enquanto estava deitado, repetia para si mesmo algumas promessas das Escrituras. Quando, enfim, deu seu último suspiro, deixou este mundo com a plena certeza de que seus pecados foram perdoados pelo sangue de Cristo e que a morte foi vencida pelo sacrifício e ressurreição do Salvador. Lutero morreu sabendo que, embora fosse um pecador, tinha um Salvador poderoso. E esse Salvador não o abandonaria, mas o ressuscitaria em um corpo glorificado.
Depois de sua morte, seus amigos encontraram as últimas palavras que ele havia escrito: "
Somos todos mendigos; isso é verdade." De fato, somos mendigos, mas diante de um Deus que se deleita em derramar Suas ricas bênçãos sobre pecadores indignos. Lutero partiu deste mundo sabendo que ajudou muitas pessoas a enxergarem e entenderem que "o justo viverá pela fé" – e foi imensamente grato por esse privilégio.
Oração do dia:
Ó Deus, nosso refúgio e nossa força, tu levantaste teu servo Martinho Lutero para reformar e renovar tua Igreja à luz da tua Palavra viva, Jesus Cristo, nosso Senhor. Defende e purifica a Igreja em nossos dias, e permite-nos proclamar corajosamente a fidelidade de Cristo até a morte e a ressurreição restituidora que deste a conhecer a teu servo Martinho; através de Jesus Cristo, nosso Salvador, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.
Fonte: WEEDON, William. Celebrating the Saints (Concordia Publishing House, 2016)
Quando Lutero faleceu em Eisleben, em 1546, o Eleitor João Frederico da Saxônia (que governou de 1532 a 1547) ordenou que seu corpo fosse transportado para Wittenberg e sepultado na Igreja do Castelo. O túmulo está localizado próximo ao púlpito, a cerca de 2 metros de profundidade no solo. Desde 1892, o local é marcado por um bloco de arenito em formato de túmulo, sobre o qual foi fixada uma pequena placa de bronze. Acredita-se que a Universidade tenha mandado fundir essa placa somente depois de 1560, em homenagem ao seu professor mais ilustre. A inscrição em latim diz:
"Aqui jaz o corpo de Martinho Lutero, Doutor em Sagrada Teologia. Ele faleceu no ano de Cristo de 1546, no dia 18 de fevereiro, em sua cidade natal, Eisleben, aos 63 anos, 2 meses e 10 dias de idade."
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