segunda-feira, 10 de fevereiro de 2025

O MINISTÉRIO E AS VESTES LITÚRGICAS

Ao longo da história cristã, o santo ministério e as vestes litúrgicas sempre tiveram um papel de grande importância na vida da Igreja. Desde os tempos apostólicos, a ordenação de ministros para a pregação do Evangelho e a administração dos sacramentos foi cuidadosamente preservada, e com ela veio também o uso de vestes que não apenas identificam o ofício pastoral, mas também apontam para sua seriedade e dignidade. No luteranismo, essa tradição não foi abolida, mas, ao contrário, foi mantida e compreendida à luz da centralidade do ministério da Palavra.

Martinho Lutero, reconhecendo a importância tanto do ofício ministerial quanto do uso adequado das vestes litúrgicas, comenta sobre esse tema em suas anotações à Epístola de Paulo a Tito, escritas em 1527. Ele destaca que o bispo é um ministro da Palavra, comparando-o a um administrador que foi chamado para distribuir os dons de Cristo – o Evangelho e os sacramentos – à Igreja. Além disso, ao falar da alba, Lutero ressalta que a pureza da vida ministerial deve estar acima de qualquer reprovação, e que as vestes do clero, embora diferentes das do sacerdócio levítico, continuam a desempenhar um papel significativo.

A seguir, apresentamos um trecho dessas anotações de Lutero, nas quais ele explica o significado das vestes do bispo e a seriedade de sua vocação como ministro da Palavra.

"Os adornos e as honrarias de Arão e de seus filhos têm um fim. Aqui, são descritos os adornos dos sacerdotes do Novo Testamento. 'Se fosse livre', etc. Temos outro tipo de vestes por sermos sacerdotes diferentes. Este é o significado da alba: que o bispo seja puro diante do mundo, que não possa ser acusado de nada. Seguem, agora, várias preciosidades que queremos analisar. Aqui, chama-o de bispo, acima chamou-os de presbíteros. Por conseguinte, para Paulo, bispo e presbítero são a mesma coisa. O uso propalado do termo vai na direção contrária. Um bispo, isto é, um ministro da Palavra, deve fazer uso da alba, assim como o ministro de uma família. Cristo é o pai da família, o bispo, o ministro. Ele é o ecônomo em cujas mãos o Senhor entregou todas as coisas. Se o bispo pensa em sua vocação, ele constata que é bispo por um rito, por um oráculo e por ordem divina. Em segundo lugar, que ele tem em suas mãos as coisas e a propriedade de Cristo. Que coisas são essas? O Evangelho e os sacramentos. Ele foi constituído como ministro da Palavra para distribuir essas coisas à família, aos seus irmãos; ou seja, para pregar, diligentemente, o Evangelho e administrar os sacramentos, ensinar os ignorantes, exortar os doutos e castigar os desregrados, moderando-os, contendo-os pela Palavra e estando junto deles por meio das orações e dos sacramentos. Ele deve obter lucro, a fim de propagar e aumentar as posses de Cristo."

Martinho Lutero. Anotações de Lutero sobre a Epístola de Paulo a Tito in Obras Selecionadas, vol.10 p. 579-578.

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