quinta-feira, 31 de julho de 2025

Comemoração de São José de Arimateia - 31 de julho



Hoje, a santa Igreja se alegra ao lembrar José de Arimateia.

José de Arimateia é mencionado por todos os quatro evangelistas: Mateus (27.57–60), Marcos (15.42–46), Lucas (23.50–53) e João (19.38–42). Ele era natural de uma pequena aldeia chamada Arimateia, nas colinas da Judeia. Homem rico e respeitado membro do Sinédrio judeu, José havia preparado para si mesmo um túmulo novo. Com coragem, dirigiu-se a Pilatos e pediu permissão para sepultar o corpo de Jesus em seu próprio túmulo.

João relata em seu Evangelho (capítulo 19) que José contou com a ajuda de Nicodemos na difícil tarefa de retirar o corpo do Senhor da cruz. Juntos, levaram o corpo de Jesus ao túmulo que pertencia a José, acompanhados de uma grande quantidade de especiarias. Eles envolveram o corpo de Cristo em linho limpo e o sepultaram às pressas, pois o pôr do sol marcava o início do sábado. As mulheres que seguiam Jesus observaram o local e planejavam retornar após o sábado para completar os ritos de preparação do corpo, mas encontraram, em vez disso, a surpreendente realidade da ressurreição.

Muitos destacam a coragem de José e Nicodemos, especialmente em contraste com o medo demonstrado pelos demais discípulos. Esses dois homens, membros do Sinédrio judeu, não hesitaram em pedir ao governador romano, Pilatos, permissão para sepultar o “Rei dos Judeus” e obtiveram sua autorização.

O cuidado que José demonstrou pelo corpo de Cristo foi, por si só, uma confissão da fé na ressurreição dos mortos. Da mesma forma, os corpos dos santos não são restos a serem descartados, mas verdadeiras relíquias sagradas, aguardando a gloriosa ressurreição.

Ao lembrarmos de José e de seu serviço prestado ao corpo do Senhor, também recordamos que nós, cristãos, recebemos o chamado de honrar os corpos daqueles que morreram em Cristo. Confessamos diante de um mundo incrédulo que esses corpos devem ser tratados com respeito, porque, unidos a Cristo, serão ressuscitados em glória no Último Dia, quando nosso Senhor aparecer novamente, ressuscitar todos os mortos e conceder a vida eterna a todos os que creem nEle.

ORAÇÃO DO DIA
Misericordioso Deus, teu servo José de Arimateia preparou o corpo de nosso Senhor e Salvador para o sepultamento com reverência e temor a Deus e o depositou em seu próprio túmulo. Ao seguirmos o exemplo de José, concede a nós, teu povo fiel, a mesma graça e coragem para amar e servir a Jesus com devoção sincera todos os dias de nossas vidas; através de Jesus Cristo, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém

Traduzido e Adaptado de WEEDON, William. Celebrating the Saints (Concordia Publishing House, 2016).

terça-feira, 29 de julho de 2025

Podemos cantar o Sanctus, por favor?

Uma prática não incomum durante o Serviço do Sacramento em algumas congregações da LCMS (e também na IELB) é a omissão do Prefácio, do Prefácio Próprio e do Sanctus. Numa tentativa de abreviar o culto (mesmo que minimamente, diga-se de passagem), a ordem resultante geralmente é algo como: sermão, ofertas, orações, Pai Nosso e, em seguida, diretamente as Palavras da Instituição (Verba). Embora a transição seja certamente fluida, vale a pena refletir sobre o que se perde nesse processo.

O que se perde não é nada menos do que algumas das partes mais antigas do Culto Divino. O diálogo de abertura do Prefácio, por exemplo, remonta à Tradição Apostólica do início do terceiro século, com a implicação de que já era usado bem antes disso. Esse diálogo, que nos convida a elevar nossa mente às coisas do alto (Colossenses 3.1) enquanto começamos nossa ação de graças pelas ricas bênçãos do Senhor neste Sacramento (Santa Ceia), logo se tornou o início fixo do Serviço do Sacramento (Liturgia da Santa Ceia) tanto no Oriente quanto no Ocidente. Cerca de um século depois, sua ampliação já estava firmemente estabelecida em todo o mundo mediterrâneo, com muitos dos ritos antigos literalmente se atropelando em ações de graças a Deus: 

“É verdadeiramente digno e justo, conveniente e proveitoso, louvar-te, [entoar-te hinos,] bendizer-te, adorar-te, glorificar-te, dar-te graças.”[1] 

O ponto enfatizado em todos esses ritos antigos é claro: não há resposta mais apropriada à misericórdia que Deus nos mostra nesta santa ceia do que reconhecer que tal ação de graças é de fato digna em todos os tempos e lugares.

Claro, há mais. Por meio do Prefácio Próprio, ouvimos — em pequenos trechos distribuídos ao longo do Ano da Igreja — os feitos salvadores de Cristo, tudo o que ele realizou por nós. E então, com grande solenidade, o Prefácio conclui com aquelas palavras familiares (“por isso com anjos e arcanjos...”), que reconhecem uma realidade acessível apenas pela fé — a saber, que nós, reunidos aqui, seja uma congregação de centenas ou apenas alguns fiéis, não estamos sozinhos em nossa ação de graças. Pelo contrário, é a verdade inabalável de que nossas vozes se unem ao grande coral de santos e anjos que habitam na presença mais próxima de Cristo. Em nenhum outro momento do culto esse mistério é tão claramente reconhecido ou tão eloquentemente expresso.

O que é que então dizemos com essa grandiosa companhia celestial? É o “Santo, Santo, Santo” dos anjos reunidos ao redor do trono de Deus (Isaías 6.3; Apocalipse 4.8); à sua incessante adoração de Deus unimos nossas vozes por esse breve momento. Diferente dos antigos israelitas, que eram instruídos a buscar a glória do Senhor num lugar específico (isto é, o propiciatório sobre a arca da aliança), reconhecemos que a glória do Senhor agora se manifesta em todo lugar onde o seu mandamento de comer e beber de sua carne e sangue é fielmente cumprido. Por isso, nós o aclamamos com clamores de súplica (“Hosana!”), confiantes de que aquele que entra em nosso meio por meio dos humildes sinais do pão e do vinho traz vida e salvação. Bendito, de fato, é ele!

Se, por questão de tempo, for necessário encurtar o Culto, que não seja o Prefácio e o Sanctus que sofram esse corte. Despedimo-nos do hino final, que nem sequer está listado como parte obrigatória do culto, ou do hino de invocação, que aparece apenas sob uma rubrica opcional. Corte os noventa segundos do sermão ou das orações, se for preciso. Mas não prive os fiéis deste momento sublime, quando suas vozes se unem à companhia celestial para reconhecer o Senhor que está em seu meio.

GRIME, Paul J. May we sing the Sanctus, please?. Concordia Theological Quarterly, Fort Wayne, IN, v. 84, n. 3–4, p. 363–368, jul./out. 2020. Tradução de Filipe Schuambach Lopes.


[1] “Liturgia de São Tiago”, em R. C. D. Jasper and G. J. Cuming, Prayers of the Eucharist: Early and Reformed, 3rd ed. (Collegeville, MN: Liturgical Press, 1987), 90. Observe-se a semelhança dessas palavras com as do Gloria in Excelsis, que também tem origem oriental dessa mesma época.

Comemoração de Maria, Marta e Lázaro de Betânia - 29 de julho


Hoje lembramos três amigos de Jesus: Maria, Marta e Lázaro de Betânia.

Imagine como deve ter sido difícil para elas: um atraso que parecia sem explicação. Maria e Marta mandaram avisar Jesus que Lázaro estava doente, pois sabiam que uma palavra de Jesus podia curar qualquer enfermidade e afastar até a morte (João 11.1–3).

Mas o tempo passou e Jesus não respondeu. Ele não apareceu. Silêncio. E, enquanto isso, o irmão delas piorava diante de seus olhos, até que morreu. Lázaro fechou os olhos e parou de respirar. Seus corações se partiram. E Jesus ainda não tinha vindo (João 11.6).

Elas o prepararam para o sepultamento com todo carinho, envolveram seu corpo em faixas e o colocaram no túmulo. A cidade participou do funeral. A pedra foi colocada na entrada. A escuridão tomou conta do túmulo... e dos corações das irmãs. Lázaro estava morto. E Jesus ainda não tinha chegado.

No meio do luto, as perguntas começaram a brotar: “Por que Ele não veio? Será que ele não se importa mais? Será que fizemos algo errado?” Maria, que tantas vezes havia sentado aos pés de Jesus para ouvir sua Palavra (Lucas 10.39), se agarrava agora às promessas do amor do Pai. Marta, por sua vez, continuava se ocupando, tentando lidar com a dor.

Então, alguém avisou: “Jesus está vindo.” Marta correu para encontrá-lo. E desabafou:
“Se o Senhor estivesse aqui, o meu irmão não teria morrido. Mas também sei que, mesmo agora, tudo o que o senhor pedir a Deus, ele concederá.
Jesus disse a ela:
— O seu irmão há de ressurgir.
Ao que Marta respondeu:
— Eu sei que ele há de ressurgir na ressurreição, no último dia.
Então Jesus declarou:
— Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá.”
(João 11.21–25)
Depois, Maria também se aproximou de Jesus. Ao ver o sofrimento dela, Jesus se comoveu profundamente. Ele chorou (João 11.35). Foram juntos ao túmulo. E lá, diante de todos, Jesus ordenou: “Lázaro, venha para fora!” E Lázaro saiu. Não um fantasma ou um morto-vivo, mas uma pessoa viva, que havia sido chamada de volta à vida pela voz do Filho de Deus (João 11.43–44).

Mas por que esse atraso? Por que Jesus não foi direto curá-lo? A resposta de Jesus é esta:
“Essa doença não é para morte, mas para a glória de Deus, a fim de que o Filho de Deus seja glorificado por meio dela.” (João 11.4)
Jesus realmente amava aqueles três irmãos (João 11.5). E ele também ama você. Mesmo quando as situações parecem sem saída, mesmo quando as orações parecem não ter resposta, podemos confiar: ele vê, ele se importa e está agindo com propósito. Às vezes, o milagre vem depois da espera. Às vezes, a cruz vem antes da ressurreição. Mas a presença de Jesus, Aquele que é a ressurreição e a vida, é o que nos dá verdadeira paz (João 14.27).

Lázaro é uma pequena amostra do que acontecerá com todos os que creem em Cristo:
“Vem a hora em que todos os que se acham nos túmulos ouvirão a voz dele e sairão” (João 5.28–29)
A ressurreição no último dia é certa. Mas até lá, você tem em Jesus um amigo fiel, que chora com você, caminha ao seu lado e vai, um dia, te chamar pelo nome para a vida eterna.

ORAÇÃO DO DIA
Pai Celestial, teu amado Filho fez amizade com seres humanos frágeis como nós para torná-los teus amigos. Ensina-nos a ser como os queridos amigos de Jesus de Betânia, para que possamos servi-lo fielmente como Marta, aprendermos sinceramente com ele como Maria e, finalmente, sermos ressuscitados por ele como Lázaro. Através de Jesus Cristo, Senhor deles e nosso, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

Traduzido e Adaptado de WEEDON, William. Celebrating the Saints (Concordia Publishing House, 2016)

A fundação da Igreja Evangélica Luterana do Brasil (IELB) - OS PRIMEIROS 10 ANOS DE UM NOVO DISTRITO SINODAL: 1904–1914


📖 Este é o último post da nossa série contando a história da fundação
da Igreja Evangélica Luterana do Brasil.
Através dessas publicações, revisitamos o início da missão luterana no Sul do Brasil, os desafios enfrentados pelos primeiros missionários e a fidelidade que marcou a pregação da Palavra e a formação das primeiras comunidades.

Que essa história inspire gratidão a Deus e renovado compromisso com a missão da nossa igreja hoje.
Agradecemos a todos que acompanharam! Que o Senhor continue abençoando a IELB! 

sexta-feira, 25 de julho de 2025

A fundação da Igreja Evangélica Luterana do Brasil (IELB) - O COMEÇO: 1900-1904


📖 Continuamos a contar a história da IELB…
Dando sequência à série de publicações sobre as origens da Igreja Evangélica Luterana do Brasil, compartilhamos hoje mais um trecho do livro “Um Grão de Mostarda: a história da Igreja Evangélica Luterana do Brasil”, volume 1, escrito por Mário L. Rehfeldt.

Este trecho relata os desafios e os primeiros passos da missão luterana no sul do Brasil, especialmente o trabalho do pastor Broders e do diretor de missões Wilhelm Mahler. Uma história de fé, perseverança e dedicação ao Evangelho.

Boa leitura!