sexta-feira, 25 de julho de 2025

A fundação da Igreja Evangélica Luterana do Brasil (IELB) - O COMEÇO: 1900-1904


📖 Continuamos a contar a história da IELB…
Dando sequência à série de publicações sobre as origens da Igreja Evangélica Luterana do Brasil, compartilhamos hoje mais um trecho do livro “Um Grão de Mostarda: a história da Igreja Evangélica Luterana do Brasil”, volume 1, escrito por Mário L. Rehfeldt.

Este trecho relata os desafios e os primeiros passos da missão luterana no sul do Brasil, especialmente o trabalho do pastor Broders e do diretor de missões Wilhelm Mahler. Uma história de fé, perseverança e dedicação ao Evangelho.

Boa leitura!


O COMEÇO: 1900-1904
A viagem de pesquisa do pastor Christian J. Broders
Em janeiro de 1900, o pastor C. J. Broders aceitou o comissionamento do Conselho Para Missões Internas do Sínodo de Missouri para avaliar as oportunidades missionárias no Brasil.[1] A Congregação de Scranton, Missouri, a qual estava servindo na época, lhe deu a devida licença.

Quando aceitou o comissionamento, Broders disse ao Conselho de Missões que, em função de circunstâncias familiares, teria de voltar aos Estados Unidos depois de completar sua missão de prospector, mesmo que o novo campo missionário se mostrasse ser frutífero ou promissor. Ele estava disposto a permanecer dois anos no Brasil, se fosse necessário.[2]

Ele embarcou em um navio em Nova Iorque em 19 de fevereiro de 1900. O navio no qual viajava retornou a Nova Iorque uma semana mais tarde por causa de estragos causados por violento temporal. Após três dias de espera, ele reiniciou sua viagem em 1º de março.

Broders chegou ao Rio de Janeiro em 21 de março e, em Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul, onde o pastor Johann F. Brutschin morava na época, em 28 de março de 1900.[3]

Pastor Christian J. Broders, comissionado par avaliar as oportunidades missionárias no Brasil. 

Em Novo Hamburgo, ele foi recebido por Brutschin, que o colocou a par das condições econômicas, sociais e religiosas dos imigrantes. Depois de permanecer dez dias na casa de Brutschin e tendo dialogado bastante com ele, Broders reportou o seguinte ao Departamento de Missão Interna em 9 de abril de 1900:
A gente nota nele (Brutschin), que o assunto missão lhe é um assunto de consciência... O pastor Brutschin é um sóbrio filho de Lutero, que não apenas conhece nossas publicações, porém, também as estuda e se sente à vontade com elas.[4]
Broders também informou que Brutschin havia decidido filiar-se ao Sínodo de Missouri por iniciativa própria. Ele também ficou sabendo que Brutschin havia concordado com o pedido de sua congregação para ficar mais um ano no Brasil e mudar-se de Novo Hamburgo para Estância Velha, a fim de dedicar-se integralmente ao cuidado pastoral dela e fundar uma escola paroquial.[5]

Em 10 de abril, Broders pregou o sermão de Sexta-feira Santa na congregação de Brutschin, em Estância Velha.[6] Ele se sentiu em casa e demonstrou esperança de um futuro promissor para a congregação, embora a vida congregacional ainda fosse precária.

Na casa ao centro o pastor Brutschin recebeu  visita do pastor Broders em abril de 1900.

Suas palavras sobre o trabalho missionário que deveria ser realizado no Brasil foram quase que proféticas, pois, mais tarde, quando suas palavras de advertência foram desprezadas, o resultado foi ruim:
Ainda resta muito para ser construído, ser acordado, ser fortalecido, ser ajuntado e ser apoiado, mas as pessoas permitem que se lhes dê instrução. Avançar aos poucos. Aquele que intempestivamente quiser levar à frente as pessoas, às quais até há pouco tempo haviam sido oferecidos apenas restos velhos, em contrapartida levará a correta prática de mal a pior.[7]
A análise feita pelo pastor C. J. Broders sobre as condições espirituais dos imigrantes alemães, com base nas informações dadas por Brutschin, concordam com o que observadores estavam dizendo na Alemanha. É uma descrição justa das condições do Rio Grande do Sul e que combina com os relatos dados pelos primeiros missionários residentes do Sínodo de Missouri.

A situação econômica era instável. As falências eram comuns. O valor do dinheiro brasileiro flutuava. Valia, então, um terço de seu valor real. Nas colônias, os agricultores tinham o seu pedaço de terra, mas raramente viam algum dinheiro.

Em 1900, havia 39 pastores evangélicos servindo a 93 congregações no Rio Grande do Sul. Muitas congregações eram servidas por pseudopastores [sem formação teológica].[8]

Tanto nas cidades como nas colônias, entre os alemães, era muito comum a embriaguez e a busca por prazer. A indiferença religiosa era o padrão. As escolas estavam em péssimas condições. Os professores normalmente eram pessoas que tinham fracassado em outras ocupações. As festas das igrejas eram muito mais caracterizadas por dança, comida e bebida excessiva do que por culto.[9] Os maçons eram numerosos e influentes também entre os alemães.[10]

Em maio de 1900, Broders fez sua primeira viagem missionária.[11] Ele visitou a área de São Jerônimo, a qual Brutschin havia visitado seis anos antes[12] e havia relatado no Der Lutheraner.[13] Em 1896, o Sínodo Rio-Grandense havia colocado um pastor naquela área, um fato ignorado por Brutschin. Desta forma, as pessoas sem igreja que Broders encontrou eram as religiosamente indiferentes. A sua desilusão foi completa:
Em poucas palavras, eu via nas pessoas que não lhes importava ter uma Igreja. Mas uma coisa também neles vi: que aguardavam cana-de-açúcar, sensualidade e indiferença dominam as pessoas.[14]
Dos males normalmente encontrados nas colônias, Broders mencionou a dança. Em Teutônia, havia 22 salões de dança e somente uma igreja evangélica. Ele também citou que os líderes tomavam as decisões em nome das congregações sem consultar os membros e a grande influência da maçonaria.[15]

Depois desta primeira viagem missionária, o veredito de Broders foi: “Eu não posso recomendar o Estado do Rio Grande do Sul como campo missionário.”[16]

Quando L. Fuerbringer relatou isso no Der Lutheraner, disse que era somente um relatório provisório e que Broders iria realizar outras viagens missionárias antes de realmente desistir.[17]

Broders não queria desistir de sua missão sem uma última tentativa. Ele ouviu falar que no Sul do Estado, nos municípios de Pelotas e São Lourenço, havia um assentamento de mais de 10 mil alemães, a maioria de origem pomerana.[18] Eles haviam organizado cerca de 30 escolas paroquiais, as quais também serviam como templos. Lá o Sínodo Rio-Grandense ainda não havia iniciado o trabalho. A única orientação espiritual que esses imigrantes tinham era a dos pseudopastores.[19]

Broders foi para Pelotas, a maior cidade da região Sul. Ficou lá algum tempo, sem conseguir alguma coisa. Certo dia, encontrou um homem que tinha vindo de uma pequena vila fora de rota, chamada São Pedro, para vender produtos coloniais. Broders se apresentou, mas o homem permaneceu desconfiado, pensando que o pastor poderia ser membro de alguma seita. De volta a São Pedro, ele encontrou um vizinho para o qual contou que, em Pelotas, havia encontrado um homem que se chamava de pastor evangélico luterano. O vizinho então o aconselhou a que levasse o homem para se encontrar com o Vater [pai] Gowert, que era versado nas Escrituras e mais entendido que os demais. Ele poderia testar o homem e ver se era um pastor real.

Desta forma, Broders foi levado para São Pedro. Ele foi examinado pelo Vater Gowert, passou no teste[20] e convocou as famílias para organizar uma congregação evangélica luterana.

"Vater" August Wilhelm Gowert (*21.12.1837 - + 08.04.1911) entrevistou o pastor Broders reconhecendo sua formação e doutrina biblicamente luteranas.

Quatro das famílias de São Pedro se reuniam para cultos já há vários anos.[21] Elas se tornaram o núcleo da congregação que foi organizada em 1º de julho de 1900, com um total de 17 famílias como membros.[22] A congregação enviou um chamado ao Departamento de Missão Interna do Sínodo de Missouri para um pastor residente. Nesse meio tempo, a construção da capela foi concluída, sendo dedicada em 26 de agosto de 1900.[23]

Broders iniciou uma escola paroquial que, em outubro, contava com 22 alunos.[24] Ele aconselhou, em um relatório ao Departamento de Missão Interna, que o trabalho com escolas paroquiais se tornasse um dos princípios básicos do trabalho missionário do Sínodo de Missouri no Brasil: “Se queremos ter sucesso na missão, precisamos, com certeza, abrir também uma escola.”[25]

Umas das primeiras alterações introduzidas por Broders na administração da congregação foi o direito de a assembleia de membros votantes decidir as questões importantes, ao invés de deixar tudo para a diretoria paroquial resolver.[26]

Naquele ano, em 1900, o Natal foi celebrado de uma forma tradicional luterana, com um culto com a participação de crianças. Vieram pessoas até de Pelotas, cerca de 55 km de distância, para ver a celebração.[27]

Depois que o pastor Wilhelm Mahler chegou para assumir a congregação de São Pedro, Broders fez uma terceira viagem missionária. Ele a iniciou na Sexta-feira Santa de 1901. Com um guia, viajou por a interior de Pelotas e São Lourenço. Ele dirigiu cultos e encontros em diferentes lugares. Algumas das congregações chamaram pastores do Sínodo de Missouri.[28]

Depois dessa viagem, Broders retornou aos Estados Unidos, deixando em seu lugar um líder talentoso, o pastor W. Mahler.[29]

O diretor de missões: Wilhelm Mahler
Wilhelm Mahler nasceu em 16 de novembro de 1870 em Polkwitz, Silésia [Alemanha]. Ele realizou seus estudos preparatórios em Kraschnitz, Silésia, e em Kropp, Schleswig, entre os anos de 1885 e 1890. Ele iniciou seus estudos teológicos no Theological Seminary de Kropp, Schleswig, em 1890, e os concluiu no Concordia Seminary de Saint Louis, Missouri [EUA], sendo a sua formatura em 1893. Em 1894, se casou com Louise Cattenhusen. Trabalhou no Estado de Nebraska [EUA] até o final do ano de 1900, quando recebeu e aceitou o chamado de Diretor de Missões Para a América do Sul.[30]

Pastor Carl Wilhelm G. Mahler, primeiro missionário do Sínodo de Missouri residente no Brasil, seu primeiro diretori missionário, primeiro presidente da IELB (1904-1910) e primeiro redator do Kirchenblatt.

Com a sua esposa e quatro filhos, ele partiu de Nova Iorque em 20 de fevereiro de 1901, chegando ao Rio Grande do Sul quatro semanas mais tarde.[31] Ele foi instalado na primeira congregação do Sínodo de Missouri na América do Sul, em São Pedro, perto de Pelotas, RS, em 31 de março de 1901.[32]

Nessa época, as congregações de Santa Eulália e Santa Coleta também solicitaram pastores [ao Sínodo de Missouri].[33] Dos quatro candidatos ministeriais designados para o Brasil em 1901, três aceitaram o chamado.[34] Eles chegaram ao país em setembro daquele ano.[35] Antes do final do ano, eles foram instalados pelo pastor Wilhelm Mahler nas congregações que os chamaram: Adolph Vogel em Santa Coleta, em 1º de dezembro; Henry T. Siemke em Santa Eulália, em 8 de dezembro; e John Hartmeister em Bom Jesus, em 22 de dezembro.[36]

Escola Paroquial de Santa Coleta em 1901 e seu pastor e professor Adolph A. Vogel (presidente da IELB, 1910-1913).

A esperança mostrada por Mahler sobre o futuro do trabalho na área de Pelotas e São Lourenço, na qual havia 25, ou mais congregações e nenhum pastor ordenado,[37] nunca foi concretizada.[38] Além dessas primeiras congregações citadas, somente uma ou outra daquela região pediu assistência ao Sínodo de Missouri. A maioria das congregações [livres, isto é, sem filiação a um Sínodo] não demonstrou simpatia pela ideia. O que aconteceu, nas palavras de Mahler, foi que a grande maioria de professores das picadas estava contra nós. Em virtude de inauditas calúnias e mentiras souberam instigar o povo, de maneira que fecharam os corações contra nossa obra.[39]

Pastor John Hartmaeister (esq.) sendo instalado na Igreja de Bom Jesus (São Lourenço do Sul, RS) pelo pastor Mahler (dir.) em 22.12.1901.

O Sínodo Rio-Grandense, que, até então, não havia atuado na região, iniciou suas atividades e com uma ativa oposição. O fato de que aqueles imigrantes e seus descendentes haviam morado na região por cerca de 40 anos sem um verdadeiro cuidado pastoral dificultou um sucesso maior dos missionários do Sínodo de Missouri.[40] Além disso, a imprensa brasileira, a alemã e mesmo a norte-americana foram utilizadas para difamar o seu trabalho.[41] Os missionários foram acusados de serem agentes e espiões norte-americanos, que vieram pesquisar o país no interesse dos Estados Unidos.[42]

Se o trabalho na região de Pelotas/São Lourenço, no Sul do Rio Grande do Sul, tivesse tido o sucesso esperado, crescido sem oposição, todo o empenho seria feito pelo Sínodo de Missouri na Região Sul, em detrimento de outras regiões do Estado.[43] Do jeito que as coisas foram, Mahler teve condições de visitar outras áreas do Estado.

Em agosto de 1901,[44] ele fez uma viagem para o Centro e Noroeste do Rio Grande do Sul. Um membro da congregação de São Pedro havia se mudado para Rincão dos Vales (hoje Fortaleza dos Vales, município de Santa Clara do Ingá), perto de Cruz Alta. Como não encontrou uma congregação organizada, ele reuniu os seus vizinhos. Eles pediram que Mahler os fosse visitar e que arranjasse um pastor para eles. No caminho para Rincão dos Vales, em Santa Maria, Mahler visitou o Rincão São Pedro, onde a situação religiosa também era precária.

Já em Rincão dos Vales, a congregação lhe pediu que, em nome dela, enviasse um chamado para um pastor do Sínodo de Missouri.

Em sua viagem de retorno, pela primeira vez ele se encontrou com o pastor Johan F. Brutschin, em Novo Hamburgo.

Em um hotel em Porto Alegre, um jovem garçom do bairro Navegantes, onde cerca de metade dos moradores era de origem alemã, mostrou grande interesse [pelo trabalho do Sínodo de Missouri]. Os pais do jovem disseram que conversariam com os vizinhos e amigos e então enviariam um convite por escrito para iniciar uma escola e uma congregação.[45] O chamado, com várias assinaturas, chegou às mãos do pastor Wilhelm Mahler pouco tempo depois que chegou a São Pedro, onde residia.[46]

Nessa época, a cidade de Porto Alegre tinha cerca de 100 mil habitantes, dos quais, cerca de 20 mil eram de origem germânica. Existia somente uma congregação Evangélica Unida na cidade.[47]

Em janeiro de 1902, Mahler fez outra viagem para o Oeste do Estado. De Rincão São Pedro em diante, ele viajou com o pastor August H. Zander, de uma congregação independente em Serro Branco [na região de Santa Maria], que mais tarde se uniu ao Sínodo de Missouri por algum tempo.[48]

Como resultado dessa viagem, as congregações de: – Rincão São Pedro, Nova Santa Cruz (Wilhelmstal), Jaguari e Toropi – enviaram, junto com o pastor W. Mahler chamados para pastores.[49]

Local do primeiro culto do pastor Mahler em Porto Alegre (hoje av. Voluntários da Prátria esq. Av. Pátria) organizando a fundação da Congregação Cristo em 07.12.1902.

Já de volta a São Pedro, Mahler continuou desempenhando suas funções pastorais. A primeira turma de catecúmenos foi confirmada em 23 de março de 1902. Depois da Páscoa, a matrícula da escola subiu para 43 alunos. Em 6 de abril, ele dirigiu a assembleia dos membros votantes da congregação. Procedimentos administrativos foram então ensinados e implementados.[50] Em setembro e outubro, quatro pastores – Reinhold Mueller, Richard Kern, Henry Wittrock e Wilhelm Moeller – e Henry A. Klein, mais tarde diretor do Concordia Seminary de Springfield, Illinois, EUA, vieram atender às congregações que haviam enviado chamados.[51]

Primeira sede do Colégio Concórdia de Porto Alegre, em 1902. Os alunos estão ladeados pelo Prof. Henry Wilke e pelo pastor fundador W. Mahler. 

Depois de receber aprovação do Departamento de Missão Interna e de sua congregação, Mahler deixou Reinhold Mueller cuidando da congregação de São Pedro e partiu para iniciar o trabalho missionário em Porto Alegre. De acordo com as informações que havia coletado, mais de 10 mil dos 20 mil imigrantes de origem alemã que viviam na cidade não possuíam conexões religiosas.[52]

Mahler chegou a Porto Alegre em 29 de setembro de 1902. Alugou um local no bairro de Navegantes e iniciou uma escola, com uma matrícula inicial de nove alunos. No final da primeira semana, o número de alunos cresceu para dezoito. Dezesseis adultos participaram do primeiro culto. Já no segundo, o número cresceu para 84, dos quais 47 eram adultos. Uma escola noturna foi iniciada para jovens. O pastor Henry Klein chegou [dos Estados Unidos] e começou a ajudar Mahler.

Depois de seis semanas de atividades em Porto Alegre, foi organizada uma congregação, no dia 7 de dezembro.[53] Catorze membros assinaram os estatutos.[54]

A partir de então, o Centro Administrativo da missão do Sínodo de Missouri no Brasil passou a se localizar em Porto Alegre.

A fundação de uma congregação em Porto Alegre foi um dos três grandes acontecimentos do período de 1900 a 1904 para o futuro da Igreja Evangélica Luterana do Brasil, por causa da posição geográfica, econômica, política e cultural da cidade no Sul do Brasil. Era o lugar adequado para servir de base para a liderança da obra.

Os primeiros pastores
Para auxiliar o pastor Mahler, três pastores chegaram ao Brasil em 1901: Adolph A. Vogel, que trabalhou em Santa Coleta; Henry T. Siemke, cuja primeira congregação foi a de Santa Eulália; e John Hartmeister, que trabalhou em Bom Jesus — todos na área de Pelotas/São Lourenço.[55]

Pastor Jürgen F. Harder saindo para o trabalho na região de Rincão de São Pedro, hoje São Pedro do Sul e Toropi (1903-1911).

Cinco pastores iniciaram seu trabalho missionário no Brasil em 1902: Richard Mueller, que se tornou o sucessor de Mahler em São Pedro, quando este se mudou para Porto Alegre. Em 1903, ele também foi para Porto Alegre, com o objetivo de auxiliar Mahler. Em 1904, ele aceitou chamado para Dois Irmãos;[56] Richard Kern, que iniciou o trabalho em Jaguari, no Oeste do Estado, perto de Toropi, onde Wilhelm Moeller foi o primeiro pastor do Sínodo de Missouri na mesma época; Henry Wittrock, que aceitou chamado para Rincão dos Vales (Santa Clara do Ingái); e o pastor Henry A. Klein, que em 1902/1903 ajudou Mahler em Porto Alegre; em 1903/1904, trabalhou em São Leopoldo. Em 1904, substituiu Brutschin em Estância Velha, quando este voltou para a Alemanha.[57]

Em 1904, chegaram mais quatro missionários: Emil Schulz para São Pedro; Jürgen F. Harder para Rincão São Pedro; Peter H. Petersen para Alto Jacuí (Não-me-Toque); Friedrich W. Brandt para Morro Redondo.[58]

Um pastor independente, August Zander, de Serro Branco, filiou-se ao Sínodo de Missouri através de colóquio, em 13 de novembro de 1903.[59] O colóquio, conduzido pelo pastor Mahler, tratou das doutrinas da Santa Escritura, a Igreja, Pecado, Graça, Batismo e Santa Comunhão, além de questões práticas.[60] Um padrão similar foi utilizado em colóquios subsequentes.

As congregações
No período de 1900 a 1904, o Sínodo de Missouri trabalhou em três áreas no Rio Grande do Sul: no Sul, na região de Porto Alegre e no Oeste.

No Sul, a congregação de São Pedro foi organizada em 1900. As de Santa Eulália, Santa Coleta e Bom Jesus, em 1901 e a de Morro Redondo em 1902.[61] Na área de Porto Alegre, a congregação de Estância Velha já tinha sido atendida por Brutschin antes que ele se filiasse ao Sínodo de Missouri em 1900.

A primeira capela construída em São Pedro, hoje município de Morro Redondo, RS.

A congregação de Porto Alegre foi organizada em 1902. A de São Leopoldo foi fundada em 1903, quando também a de Dois Irmãos recebeu seu primeiro pastor do Sínodo de Missouri.

A terceira área missionária foi a do Centro-norte-oeste, onde as congregações de Jaguari, Toropi e Rincão dos Vales (Santa Clara do Ingái) receberam pastores do Sínodo de Missouri em 1902. As congregações de Alto Jacuí (Não-me-Toque) e Rincão São Pedro receberam pastores em 1903.[62]

O direito do Sínodo de Missouri de suprir estas congregações com pastores tem sido questionado. O pastor W. Mahler e seus colaboradores foram acusados de penetrar em áreas de atuação de outros pastores e tirar deles parte de suas congregações[63] por motivos políticos e econômicos, para colocá-los sob a influência norte-americana. Foi espalhado o rumor de que eles tinham à sua disposição a quantia de 1 milhão de dólares para essa propaganda.[64]

Em uma correspondência oficial, Mahler defendeu a legitimidade do trabalho da sua Igreja e mostrou que realmente existiam razões legítimas para fazê-lo, de modo que foi enviado para organizar uma congregação. Para justificar as diferentes circunstâncias que resultaram na colocação de um pastor em cada localidade, ele mencionou cinco classes de congregações que receberam pastores do Sínodo de Missouri antes de 1904. De acordo com o autor, esta classificação corresponde aos seguintes fatos.
  1. Sem um chamado, eles foram para lugares onde havia luteranos, mas não congregação organizada ou um pastor ordenado, como São Pedro.
  2. Sem serem chamados, eles ofereceram seus serviços em lugares onde antes havia um pastor, mas não quando lá chegaram, como em Bom Jesus e Jacuí.
  3. Eles foram para lugares de onde haviam recebido chamados específicos e onde ainda não havia trabalhado um pastor ordenado. De acordo com a vontade do povo de tais lugares, eles organizaram uma congregação. A maioria das congregações pertence a esta categoria, como Porto Alegre, Rincão dos Vales, Jaguari, Rincão São Pedro, Santa Eulália, Santa Coleta.
  4. Pastores do Sínodo de Missouri foram chamados por congregações organizadas com a aprovação de seus pastores, como foi o caso de Estância Velha, São Leopoldo e Toropi.
  5. Eles foram chamados por pessoas que se separaram de suas congregações e pastores. Antes que pastores do Sínodo de Missouri iniciassem o trabalho em tais contextos, eles primeiro examinavam as relações das pessoas com suas ex-congregações e somente quando estas eram consideradas legítimas, elas recebiam um pastor. No período de 1900 a 1904, somente houve um caso, o de Dois Irmãos.[65] O primeiro passo para atender a Dois Irmãos (Baumschneitz) foi dado pelo pastor H. A. Klein, então pastor em São Leopoldo, e somente depois de ter recebido um pedido para tal atitude contendo 22 assinaturas. Ele pregou lá somente depois de ter se reunido com essas pessoas e de convencer-se de que o motivo que tinham para deixar o Sínodo Rio-Grandense era legítimo.[66]
Igreja antiga de Baumschneitz (São Miguel de Dois Irmãos) ao tempo do pastor Henry A. Klein.

As condições colocadas por Mahler para a aceitação de congregações eram de que elas prometessem acatar a Palavra de Deus e que determinassem que seus pastores subscrevessem as Confissões Luteranas.

A questão da automanutenção (independência financeira) das congregações foi colocada desde o começo. Mahler acreditava que as perspectivas de automanutenção eram boas, mas também entendeu que o Sínodo de Missouri ainda deveria assisti-las financeiramente por um bom tempo, pois, via de regra, as congregações eram pequenas, bem mais pobres que as equivalentes norte-americanas e, até então, tinham muito pouco entendimento sobre o que significava a mordomia cristã.[67] O sistema de taxas, ou melhor de quotas [prática comum nas congregações], fez com que o crescimento na mordomia cristã fosse lento e difícil.[68] Desde o começo, o Sínodo não deu ajuda financeira para os pastores, mas para as congregações, para que elas vissem os pastores como seus pastores, e não como emissários de algum comitê superior de Igreja [Oberkirchenrat].[69]

Escolas paroquiais
A criação e promoção de escolas paroquiais foi uma das principais marcas da Igreja Evangélica Luterana do Brasil no primeiro meio século de sua existência. Broders, o prospector, fundou a primeira em São Pedro, e declarou: “Se queremos ter sucesso na missão, precisamos, com certeza, valorizar a escola paroquial.”[70]Existiam poucas escolas públicas nas áreas onde viviam os imigrantes. Na maioria dos casos, a única alternativa para a falta de oportunidades de educação eram as escolas paroquiais.[71]

Pastor Henry T. Stiemke e seus alunos em São Leopoldo, em 1905.

Às vezes, grupos que eram religiosamente influenciados pelos missionários do Sínodo de Missouri para que provassem educação para seus filhos. Isto abriu muitas portas e contribuiu para o rápido crescimento do trabalho do Sínodo de Missouri no Brasil. De outro lado, tornou muito difícil o trabalho dos pastores. Muitas vezes, foi ouvida esta reclamação: “Eles gostam muito da escola, mas os cultos são pouco procurados.”[72] Isto, todavia, não minimiza a importância das escolas paroquiais para o sucesso do trabalho missionário, como pode ser visto em afirmações como estas:
A escola ocupa o primeiro plano em todas as nossas congregações. É especialmente por causa da escola que se formam as congregações. A escola é a estabilidade da congregação.[73]
Em Porto Alegre: “O início precisava ser feito com uma escola.”[74] A importância das escolas para o futuro foi reconhecida:
Também por esse motivo não podemos agradecer suficientemente a Deus, que todas as nossas congregações brasileiras têm a escola em alto grau de apreço e a amam. A escola é o centro das congregações. É nas escolas que lançamos a semente para o futuro.[75]
No começo, todos os pastores [do Sínodo de Missouri] lecionaram em escolas paroquiais. Mas já em 1902, foi levantada a questão, em uma Convenção Sinodal, se não seria conveniente enviar professores sinodais para o Brasil. O assunto foi levado ao Departamento de Missão Interna, a fim de que fosse estudado.[76]

A escola [da congregação luterana] de Porto Alegre, por causa do seu crescimento excepcional, foi a primeira a solicitar um professor.[77] O professor Henry Wilke aceitou o chamado e foi instalado na escola em 1º de novembro de 1903.[78] Foi nas escolas paroquiais onde iniciou o trabalho em português.[79]

O início do primeiro seminário luterano na América do Sul
O segundo acontecimento mais importante do período de 1900 a 1904 foi a fundação de um seminário em Bom Jesus, na área de Pelotas/São Lourenço. De acordo com o autor deste estudo, foi o primeiro e mais importante passo para a formação de uma Igreja nacional nos cinquenta anos considerados neste volume. Ao contrário de outros eventos que se seguiram – a publicação de um periódico da Igreja e a formação de um Distrito Sinodal, como resultado de decisões sinodais[80] – a fundação de um seminário foi uma decisão local, isto é, não foi uma sugestão do Departamento de Missão Interna e ele nem ofereceu algum tipo de ajuda. A ideia surgiu no Brasil e foi tocada com recursos próprios. Foi necessária uma grande coragem para iniciar tal projeto naquele local, naquela época e naquelas circunstâncias.

Na primeira conferência pastoral do Distrito de São Lourenço, realizada em Bom Jesus de 20 a 22 de abril de 1903, onde estiveram presentes os pastores Friederich W. Brandt, Reinhold Mueller, Henry T. Siemke, Adolph A. Vogel e John Hartmeister, daquela região, e Wilhelm Mahler, de Porto Alegre, o assunto do treinamento de ministros locais foi discutido.[81] Mahler fez a proposta de fundar uma escola para treinar jovens brasileiros para se tornarem professores e pastores. A proposta foi aceita. Foi resolvido que a escola funcionaria, por enquanto, em Bom Jesus.[82]

Mahler permaneceu em Bom Jesus depois da conferência. Ele pregou no primeiro festival missionário realizado na localidade, no dia 26 de abril de 1903.[83] Depois do culto, o pastor J. Hartmeister convocou uma reunião da congregação para receber a permissão de iniciar uma escola [para a formação de professores e pastores]. A congregação não recebeu a ideia com muito entusiasmo. A maioria dos membros havia ficado sob a tutela dos pseudopastores e alguns acreditavam que não se fazia sentido iniciar uma instituição pois ainda não existia educação formal para futuros pastores e professores.[84] Após calorosa discussão, a oposição foi removida e a permissão para iniciar o Instituto foi dada.[85]

Uma ponta de um estábulo que existia na propriedade da congregação foi reconstruída com tijolos para servir como dormitório e sala de aula para os futuros alunos. Alguns dos membros da congregação, temendo que a criação de tal instituição era apenas um esquema por parte do Sínodo de Missouri para privar a congregação de suas propriedades, fizeram campanha contra ela e até mesmo prometeram derrubar a parte do celeiro que tinha sido reconstruída.[86] Dois dos três dirigentes da congregação repassaram ao pastor uma petição com várias assinaturas solicitando que ele pedisse demissão.[87] Quando, numa assembleia da congregação, foi resolvido que os próprios membros deveriam pagar a pequena quantia que a reconstrução do estábulo custaria, removendo seu medo infundado de que perderiam a propriedade, os ânimos se acalmaram e o trabalho no estábulo foi completado sem interrupções.[88]

O primeiro dormitório do Seminário Concórdia, em Bom Jesus, São Lourenço do Sul, RS - 27.10.1903.

Com a matrícula de três alunos, o Instituto [como a escola passou a se chamar] iniciou suas atividades em 27 de outubro de 1903.[89] Os alunos matriculados eram Emilio Wille, de uma congregação vizinha, Heinrich Drews e Ewald Hirschmann, de São Pedro. Algumas semanas mais tarde, Francisco Hoffmann, de Santa Coleta, também se matriculou. Finalmente, em 2 de março de 1904, Adolf Flor, depois de dois meses de viagem a pé, a cavalo e de navio, se juntou aos outros alunos do Instituto. Estes foram os cinco alunos que estudaram sob os cuidados do pastor J. Hartmeister no Instituto de Bom Jesus.[90]
Quarto de estudos e dormitório dos primeiros estudantes em Bom Jesus em 1903.

Pastor John Hartmeister, primeiro diretor e os cinco primeiros alunos do Seminário Concórdia.

As razões para a fundação do Instituto, de acordo com o pastor J. Hartmeister no periódico Kirchenblatt, foram: muitas pessoas ocupam indevidamente os ofícios de pastor e professor no Brasil; muitos chamados para pastores e professores chegaram ao Sínodo de Missouri, mas somente alguns deles foram preenchidos, por causa da falta de candidatos; jovens brasileiros eram tão inteligentes e talentosos como os de outros países; as viagens dos missionários estrangeiros eram muito caras; somente com um ministério nativo seria possível o crescimento de uma Igreja nacional.

Dois currículos diferentes foram planejados de saída: um com a duração de quatro anos, para o treinamento de professores, e um mais longo, para o treinamento de pastores.[91]

Os cinco alunos tinham um programa completo de estudos e trabalhos. Eles se levantavam às cinco horas da manhã. O café era servido às seis, pela esposa do pastor (assim como todas as demais refeições), seguido de uma devoção. Das 6h30min às 7h30min, os jovens estudavam. Eles tinham de trabalhar quatro horas diárias, das 7h30min às 11h30min, para garantir seu sustento. O almoço era servido às 12h. As aulas eram das 2h às 5h. O programa de estudos incluía: História Bíblica, Catecismo, Hinos e Salmos, Línguas Alemã, Portuguesa e Latina, História Brasileira, História Geral, Geografia, Zoologia, Matemática, Desenho, Canto e outras disciplinas.[92]

O começo do Seminário Concórdia em Bom Jesus foi comparado corretamente com o início do Seminário Concórdia em Perry County, Missouri, EUA, pelo Dr. L. Fuerbringer, pois ele se tornou tão vital para o futuro do Distrito Brasileiro como Perry County se tornara para o Sínodo de Missouri.[93]

A organização de conferências distritais
Até 1903, a única conexão entre as congregações luteranas do Brasil era o Diretor de Missões, o pastor W. Mahler. Em 1903, foram dados os primeiros passos para organizar a missão brasileira num nível superior ao congregacional. Em 1903 e 1904, três conferências distritais foram organizadas:
  • – A Conferência Distrital do Sul foi organizada em Bom Jesus nos dias 20 a 22 de abril de 1903, com a presença dos pastores F. Brandt (de Morro Redondo), R. Mueller (de São Pedro), H. Siemke (de Santa Eulália), A. Vogel (de Santa Coleta), J. Hartmeister (de Bom Jesus) e W. Mahler, Diretor de Missões.[94]
  • – A Conferência Distrital do Noroeste foi organizada em Jaguari, no dia 9 de novembro de 1903, com os seguintes membros: R. Kern (de Jaguari), J. Harder (de Rincão São Pedro), H. Wittrock (de Rincão dos Vales), P. Petersen (de Alto Jacuí) e W. Moeller (de Toropi).[95]
  • – A Conferência Distrital de Porto Alegre foi organizada nos dias 5 e 6 de abril de 1904, com a presença dos pastores W. Mahler, R. Mueller, H. Frehner, H. Klein e J. Brutschin. Ela incluía as congregações de São Leopoldo, Dois Irmãos, Estância Velha, Conventos, Conventos Vermelhos (Roca Sales) e Porto Alegre.[96] O pastor Brutschin retornou à Alemanha no mesmo mês. Seu sucessor em Estância Velha foi o pastor H. Klein.[97]
A escola de Toropi em 1905, com o pastor e professor Wilhelm Möller.


Das Kirchenblatt
O terceiro acontecimento marcante do período de 1900 a 1904 foi a publicação de um periódico local. A decisão de publicar um periódico do Sínodo de Missouri no Brasil foi tomada nos Estados Unidos pela Convenção Sinodal de 1902, com o propósito de fornecer aos missionários no Brasil um instrumento para apresentar a posição doutrinária e a prática eclesiástica do Sínodo de Missouri, defender o seu trabalho missionário de calúnias de periódicos brasileiros e ampliar nos Estados Unidos o interesse pelo trabalho no Brasil.[98]

No Brasil, a Conferência Pastoral do Distrito Sul, reunida nos dias 20 a 22 de abril de 1903, resolveu agir com base na decisão sinodal. O pastor W. Mahler foi escolhido para ser o editor. O primeiro número do Evangelisch-Lutherisches Kirchenblatt fuer Suedamerica [Jornal da Igreja Evangélica Luterana para a América do Sul] foi publicado em Porto Alegre no dia 1º de novembro de 1903. Um dos objetivos de Mahler foi defender o trabalho do Sínodo de Missouri no Brasil de ataques injustos e caluniadores.[99] Outro objetivo do periódico foi trazer às diferentes congregações do Sínodo de Missouri, espalhadas pelo Rio Grande do Sul, a um relacionamento mais próximo, para fazê-las sentir que se pertenciam, capacitá-las para verificar se as acusações levantadas contra uma delas eram ou não verdadeiras e para uni-las num verdadeiro Sínodo Luterano no Brasil.[100]

W. Mahler foi um editor capaz e um escritor que não temeu polêmicas, mas que não se envolveu nelas ao ponto de esquecer o objetivo maior: a educação dos leitores na doutrina e prática luteranas.

A visita do pastor Louis Lochner
Uma das resoluções da Convenção de 1902 do Sínodo de Missouri foi enviar um dos seus dirigentes para visitar a missão no Brasil.[101] A viagem foi realizada pelo pastor L. Lochner, presidente do Departamento de Missão Interna. Ele partiu de Nova Iorque em 5 de abril de 1904. [No porto de] Rio Grande, foi recebido por W. Mahler. Juntos, visitaram as diferentes congregações, seguindo o mesmo padrão: um sermão e, reunido com os membros votantes, uma visitação. Na região da Conferência Sul, Lochner visitou as congregações de São Pedro, Morro Redondo, Santa Eulália, Santa Coleta e Bom Jesus. Ele concluiu a visitação na região de São Lourenço em 15 de maio de 1904. Depois, visitou Porto Alegre, Estância Velha e São Leopoldo. Ele não visitou a congregação de Dois Irmãos por causa das péssimas condições da estrada. Em 6 de junho, ele iniciou a visitação na região da Conferência Distrital do Noroeste. Lá, estudou as condições das congregações de Rincão dos Vales, Alto Jacuí, Jaguari, Toropi e Rincão São Pedro – para onde uma conferência pastoral geral estava programada com o propósito de examinar se já havia chegado o momento de organizar um novo Distrito Sinodal.[102] O relatório de Lochner à Convenção Sinodal seguinte foi:
O resultado da visitação em todas as comunidades foi satisfatório. Demonstrou que Deus, nesse curto espaço de tempo, não bem quatro anos, abençoou a pregação da sua pura Palavra. Deus deu às congregações homens que trabalham diligentemente, com grande abnegação e fidelidade.[103]


Pastor Louis Lochner, da comissão missionária do Sínodo de Missouri, EUA, que presidiu a solene fundação da IELB em 24.06.1904 em Rincão de São Pedro (hoje São Pedro do Sul por proposta do pastor John Hartmeister.

 [1] Louis Lochner. “Innere Mission in Suedamerika”. Der Lutheraner, LVI (23 de janeiro de 1900), p. 23.

[2] Louis Lochner, K. Schmidt e C. Esemann. “Unsere Mission in Brasilien”. Ibid., LVII (1º de outubro de 1901), p. 307.
[3] L. Fluebringer. “Zur kirchlichen Chronik”. Ibid., LVI (20 de março de 1900), p. 88. F. Pieper. “Aus unser Synode”. Ibid., LVI (1º de maio de 1900), p. 136. L. Fluebringer. “Wie steht es mit unserer Mission in Brasilien?”. Ibid., LVI (24 de julho de 1900), p. 230. No Synodalbericht de 1902, a data da viagem de Broders é incorretamente dada como sendo fevereiro de 1901. Fuenfundzwanzigster Synodalbericht der Allgemeinen deutschen ev.-luth. Synode von Missouri, Ohio und andern Staaten, versammelt als Zehnte Delegatensynode zu Milwaukee, Wis., im Jahre 1902. Saint Louis: Concordia Publishing House, 1902, p. 68. A data para o início do trabalho missionário do Sínodo de Missouri no Brasil também é incorretamente dada na edição de 1957 do Lutheran Churches of the World: “A Igreja Luterana – Sínodo de Missouri tem sua entrada na América do Sul registrada com o recebimento da carta de um pastor alemão no Brasil solicitando dinheiro para comprar um par de mulas para o lugar das que tinham sido roubadas. Isto foi em 1901.” H. Lijle e outros. Lutheran Churches of the World. Minneapolis: Augsburg Publishing House, 1957, p. 299.
[4] L. Fluebringer. Der Lutheraner, LVI (24 de julho de 1900), p. 230.
[5] Ibid., p. 230.
[6] Ibid., p. 230.
[7] L. Fluebringer. “Wie steht es mit unserer Mission in Brasilien?” Ibid., LVI (7 de agosto de 1900), p. 244.
[8] Ibid., p. 244.
[9] L. Fluebringer. “Wie steht es mit unserer Mission in Brasilien?” Ibid., LVI (24 de julho de 1900), p. 230.
[10] Ibid., p. 230.
[11] Ibid., p. 230.
[12] L. Fluebringer. “Wie steht es mit unserer Mission in Brasilien?” Ibid., LVI (17 de agosto de 1900), p. 245.
[13] Ibid., p. 244.
[14] G. [Stoeckhardt]. “Aus Brasilien”. Ibid., L (30 de novembro de 1895), p. 197.
[15] L. Fluebringer. Der Lutheraner, LVI (7 de agosto de 1900), p. 245.
[16] Ibid., p. 245.
[17] Ibid., p. 245.
[18] L. Lochner. “Vorlaeufige Mitteilung ueber unsere Mission in Brasilien.” Ibid., LVI (11 de dezembro de 1900), p. 389. Wilhelm Mahler. Der Anfang in Brasilien u. Argentinien. 25 Jahre unter dem Suedlichen Kreuz. Editado por Otto H. Beer. Porto Alegre: Casa Publicadora Concórdia, 1925, p. 21.
[19] Ibid., p. 22. Um exemplo típico da situação espiritual é a congregação de Bom Jesus, vila daquela região. A congregação tinha sido fundada por pomeranos em 1868. Dali em diante: houve atendimento desde sua fundação até o ano de 1901 por intermédio de 12 (doze) chefes homens, professores e os assim chamados pseudo pastores, e em sua parte devem ter sido pessoas de caráter bastante duvidoso. Alguns eram somente professores, e que tinham sido empregados diretamente como pastores. Entre eles encontraram-se alguns, os quais faltava totalmente qualquer formação teológica. Um deles era fabricante de cigarros, um outro alfaiate, um terceiro era comerciante e ator de teatro, e um quarto manifestamente não queria saber nada a respeito de religião. Uns poucos entendem-se de haverem demonstrado fidelidade e religiosidade. Ewald Elcker. “Aus Brasilien” Der Lutheraner, LXXXIV (20 de março de 1928), p. 126.
[20] E. H. “Erinnerungen aus den Anfaengen der missionarischen Arbeit in Brasilien. Von einem, der als Schulknabe mit dabei war”. Evangelisch-Lutherisches Kirchenblatt fuer Suedamerika, XX (1º de setembro de 1925), p. 131. Daqui em diante denominado como Kirchenblatt.
[21] L. Lochner. Der Lutheraner, LVI (11 de dezembro de 1900), p. 389.
[22] E. Elcker. Ibid., LXXXIV (20 de março de 1928), p. 125.
[23] L. Lochner. Ibid., LVI (11 de dezembro de 1900), pp. 389,390.
[24] Ibid., p. 390.
[25] Ibid., p. 390.
[26] C. J. Broders. “Aus Brasilien”. Der Lutheraner, LVII (5 de março de 1901), p. 69.
[27] Ibid., pp. 69,70.
[28] L. Fluebringer. “Eine Missionsreise in Brasilien”. Ibid., LVI (25 de junho de 1901), pp. 195, 196.
[29] W. Mahler. 25 Jahre unter dem Suedlichen Kreuz. Editado por Beer, p. 26.
[30] L. Lochner, K. Schmidt, C. Esemann. “Unsere Mission in Brasilien”. Der Lutheraner, LVI (1º de outubro de 1901), p. 307. “New Doctors”. Lutheran Witness, LVII (1º de junho de 1947), p. 197.
[31] L. Lochner. “Brasilien”. Der Lutheraner, LVI (19 de março de 1901), p. 87.
[32] “New Doctors”. Lutheran Witness, LXVI (17 de junho de 1947), p. 197.
[33] W. Mahler. 25 Jahre unter dem Suedlichen Kreuz, editado por Otto H. Beer, p. 27.
[34] L. Lochner. Der Lutheraner, LVII (25 de junho de 1901), p. 197.
[35] L. Lochner e outros. Ibid., LVII (1º de outubro de 1901), p. 307.
[36] L. Lochner. Brasilien. Ibid., LVIII (29 de abril de 1902), p. 133.
[37] L. Lochner e outros. Ibid., LVII (1º de outubro de 1901), p. 307,308.
[38] W. Mahler. 25 Jahre unter dem Suedlichen Kreuz, editado por Otto H. Beer, p. 27.
[39] Ibid., p. 27.
[40] Ibid., p. 28.
[41] Luther-Kalender fuer Suedamerika auf das Jahr 1951. Editado por Albert Lehenbauer e Paul W. Schelp. Porto Alegre: Casa Publicadora Concórdia, 1951, p. 43. Citado de Boletin de S. Lourenço (2 de setembro de 1902), s.l. F. Pieper]. “Unsere kirchliche Arbeit in Brasilien”. Der Lutheraner, LVIII (15 de outubro de 1901), p. 326. L. Lochner. “Warum wir das brasilianische Missionsfeld ausreichend mit Arbeitskraeften versorgen sollten”. Ibid., LIX (17 de março de 1903), p. 84.
[42] Ibid., p. 84.
[43] W. Mahler. 25 Jahre unter dem Suedlichen Kreuz, editado por Otto H. Beer, p. 29.
[44] W. Mahler. “Aus Brasilien”. Der Lutheraner, LIX (17 de fevereiro de 1903), p. 53.
[45] W. Mahler. 25 Jahre unter dem Suedlichen Kreuz, pp. 29,30. Idem. “Aus Brasilien”. Der Lutheraner, LIX (17 de fevereiro de 1903), p. 52.
[46] Idem. 25 Jahre unter dem Suedlichen Kreuz, p. 30.
[47] Idem. “Auf Missionswegen im Staate Rio Grande do Sul in Brasilien”. Der Lutheraner, LVIII (27 de maio de 1902), p. 164. Idem., Ibid., LIX (17 de fevereiro de 1903), p. 53.
[48] L. Lochner. Ibid., LVII (27 de maio de 1902), p. 164. L. Lochner], “Brasilien”, Ibid., LX (16 de fevereiro de 1904), p. 55.
[49] W. Mahler. “Aus Brasilien”. Ibid., LVIII (24 de dezembro de 1902), p. 323.
[50] L. Lochner. “Aus Brasilien”. Ibid., LVII (20 de setembro de 1902), p. 293. L. Lochner. Luther-Kalender fuer Suedamerika auf das Jahr 1951, p. 148.
[51] W. Mahler. Der Lutheraner, LX (17 de fevereiro de 1903), pp. 52,53.
[52] Ibid., p. 52.
[53] Ibid., pp. 52-53.
[54] Ibid., p. 52.
[55] L. Lochner e outros. Ibid., LVII (1º de outubro de 1901), p. 307. L. Lochner. “Brasilien”. Ibid., LVIII (29 de abril de 1902), p. 133.
[56] Luther-Kalender fuer Suedamerika auf das Jahr 1951, editado por A. Lehenbauer e P. Schelp. P. 148.
[57] L. D. Lochner. “Brasilien”. Der Lutheraner, LVI (30 de setembro de 1902), p. 311.
[58] L. Lochner. “Brasilien”. Ibid., LIX (15 de setembro de 1903), p. 294. Luther-Kalender fuer Suedamerika auf das Jahr 1951, editado por A. Lehenbauer e P. Schelp, pp. 148,149.
[59] L. [Lochner]. “Brasilien”. Der Lutheraner, LX (16 de fevereiro de 1904), p. 55.
[60] W. Mahler. “Ein Kolloquium”. Kirchenblatt, III (1º de janeiro de 1904), p. 38.
[61] Sechszwanzigster Synodalbericht der Allgemeinen deutschen ev.-luth. Synode von Missouri, Ohio und andern Staaten, versammelt als Elfte Delegatensynode zu Detroit, Mich., im Jahre 1905. Saint Louis: Concordia Publishing House, 1905, pp. 58,59. Daqui em diante citado como Mo. Synod, Proceedings, 1905.
[62] Ibid., pp. 58-62.
[63] W. Mahler. “Synodalrede”. Kirchenblatt, III (1º de fevereiro de 1906), p. 19.
[64] L. Fluebringer]. “Ueber unsere Kirchliche Arbeit in Brasilien”. Der Lutheraner, LIX (12 de maio de 1903), p. 152.
[65] W. Mahler. “Synodalrede”. Kirchenblatt, III (1º de fevereiro de 1906), p. 19.
[66] W. Mahler. “São Leopoldo”. Kirchenblatt, I (1º de dezembro de 1903), p. 223.
[67] L. Lochner e outros. Der Lutheraner, LVII (1º de outubro de 1901), p. 308. L. Fluebringer]. “Wie sieht es in unsern brasilianischen Gemeinden aus?” Ibid., LIX (10 de novembro de 1903), p. 356.
[68] W. Mahler. Ibid., LVIII (22 de julho de 1902), p. 233.
[69] W. Mahler. Ibid., LVIII (16 de setembro de 1902), p. 78.
[70] L. Lochner. Der Lutheraner, LVI (11 de dezembro de 1900), p. 390.
[71] L. Lochner e outros. Ibid., LVII (1º de outubro de 1901), p. 308.
[72] “Das aulas todos gostam, mas os cultos são pouco procurados.” L. [Fluebringer]. “Wie sieht es in unsern brasilianischen Gemeinden aus?” Ibid., LVII (10 de novembro de 1903), p. 356.
[73] W. Mahler. Ibid., LVIII (22 de julho de 1902), p. 233.
[74] W. Mahler. Ibid., LIX (17 de fevereiro de 1903), p. 53.
[75] [Fluebringer]. Ibid., LIX (10 de novembro de 1903), p. 357.
[76] Fuenfundzwanzigster Synodalbericht der Allgemeinen deutschen ev.-luth. Synode von Missouri, Ohio und andern Staaten, versammelt als Zehnte Delegatensynode zu Milwaukee, Wis., im Jahre 1902, pp. 69, 73. Daqui para frente citado como Mo. Synod, Proceedings, 1902.
[77] L. Lochner. Der Lutheraner. LIX (17 de março de 1903), p. 85.
[78] M. Mahler. “Kirchliche Nachrichten”. Kirchenblatt I (15 de novembro de 1903), p. 14.
[79] [W.] Ma[hler]. “Porto Alegre”. Ibid., I (1º de abril de 1904), p. 87.
[80] Mo. Synod, Proceedings, 1902, pp. 72,73.
[81] J. Hartmeister. “The Sowing of a Mustard Seed”. Concordia Historical Institute Quarterly, XXII (Janeiro de 1950), p. 167. Daqui para frente, citado como CHIQ.
[82] Ibid., p. 169. J. Hartmeister. “Ein Institut zur Ausbildung von Lehrern und Predigern”. Kirchenblatt, I (1º de janeiro de 1904), pp. 37,38.
[83] J. Hartmeister. In: CHIQ, XXII (janeiro de 1950), p. 167.
[84] Emilio Wille. “Nosso primeiro Seminário em Bom Jesus, São Lourenço.” Mensageiro Luterano, XXXII (abril de 1949), p. 27.
[85] Ibid., pp. 26,27.
[86] Ibid., p. 168.
[87] Ibid., p. 171. Emilio Wille, Mensageiro Luterano, XXXII (abril de 1949), p. 27.
[88] J. Hartmeister. Kirchenblatt, I (janeiro de 1904), p. 37. O ano da fundação do Instituto é incorretamente citado por Polack. W. G. Polack. The building of a Great Church. Segunda edição. Saint Louis: Concordia Publishing House, 1941, p. 179; e por The Lutheran Churches of the World, editado por A. T. Jorgensen e outros. Minneapolis: Augsburg Publishing House, [1929], p. 384.
[89] J. Hartmeister. CHIQ, XXII (janeiro de 1950), pp. 171,172.
[90] J. Hartmeister. Kirchenblatt, I (1º de dezembro de 1903), p. 23. J. Hartmeister. Ibid., I (1º de janeiro de 1904), pp. 37,38.
[91] J. Hartmeister. “Bom Jesus”. Ibid., II (15 de janeiro de 1905), p. 13.
[92] L. [Fluebringer]. Der Lutheraner, LX (19 de janeiro de 1904), p. 22.
[93] J. Hartmeister. CHIQ, XXII (janeiro de 1950), p. 167.
[94] [W.] Moe[ller]. “Konferenz in Jaguari”. Kirchenblatt, I (1º de janeiro de 1904), p. 38.
[95] H. W. “Porto Alegre”. Kirchenblatt I (1º de maio de 1904), p. 100
[96] W. Mahler. “Pastor Brutschin”. Ibid., I (15 de abril de 1904), p. 94.
[97] Mo. Synod, Proceedings, 1902, p. 72.
[98] W. Mahler. “Vorwort”. Kirchenblatt, I (1º de novembro de 1903), pp. 1,2.
[99] Ibid., pp. 1-3. W. Mahler. “Vorwort”, ibid., II (1º de janeiro de 1905), pp. 1,2.
[100] Mo. Synod, Proceedings, 1902, p.73.
[101] Mo. Synod, Proceedings, 1902, pp. 73.
[102] Mo. Synod, Proceedings, 1905, pp. 58-64.
[103] Ibid., p. 62.

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