domingo, 27 de outubro de 2024

Comemoração da Fundação do Seminário Concórdia, A.D. 1903

Hoje, a Igreja Evangélica Luterana do Brasil comemora e lembra a Fundação do Seminário Concórdia.

Desde o início na história da IELB, a educação sempre foi vista como prioritária, especialmente na formação teológica dos ministros da Palavra. A fundação do Seminário Concórdia, em 27 de outubro de 1903, ainda antes da organização formal da Igreja Evangélica Luterana do Brasil (IELB) em 1904, marca o início de um grande legado educacional e espiritual.

O Seminário teve seu início em Bom Jesus, São Lourenço do Sul, RS, em uma pequena igreja local e um simples galpão de madeira. O Rev. John Hartmeister, missionário do Sínodo de Missouri, foi o primeiro professor e diretor. Ele ensinava os três primeiros alunos — Emilio Wille, Heinrich Drews e Ewald Hirschmann — em um currículo que abrangia desde história bíblica até o catecismo e línguas clássicas. Esses alunos, juntamente com Hartmeister, enfrentaram condições desafiadoras, mas estavam unidos pela fé e pelo desejo de servir à Igreja de Cristo.

Com o tempo, o Seminário foi crescendo e superando obstáculos. Em 1907, ele foi reaberto em Porto Alegre, e em 1912, foi transferido para um prédio próprio, consolidando-se como um centro de formação teológica. Ao longo dos anos, o Seminário formou centenas de pastores que, hoje, servem em congregações não apenas no Brasil, mas em diversos países ao redor do mundo, incluindo Estados Unidos, Chile, Paraguai, Argentina e outros.

Em 1984, o Seminário Concórdia se mudou para São Leopoldo, onde continua sendo a principal instituição de formação de pastores da IELB. Diversas organizações como o Diretório Acadêmico Martinho Lutero (DAMAL), a Associação de Servas Amigas do Seminário (ASAS), ajudam a fortalecer a vida comunitária e acadêmica, criando um ambiente de apoio e dedicação.

Um dos marcos mais recentes na história do Seminário aconteceu em 5 de agosto de 2024, quando ele também se tornou oficialmente uma faculdade, com o curso de Teologia sendo reconhecido pelo Ministério da Educação (MEC). Esse reconhecimento é um passo significativo, pois reflete a excelência acadêmica e a importância do Seminário no cenário educacional brasileiro, abrindo novas oportunidades para a formação teológica no país.

Agora, como faculdade, o Seminário Concórdia continua sua missão de formar pastores e teólogos comprometidos com o ensino da Palavra de Deus e o cuidado do rebanho de Cristo.

Com uma história rica e um impacto profundo na vida da Igreja, o Seminário Concórdia permanece fiel à sua missão, continuando a preparar líderes espirituais para proclamar o Evangelho e servir ao povo de Deus com amor e dedicação.

Oração do dia
Senhor Deus, te louvamos pela história e pelo legado do Seminário Concórdia. Te agradecemos pelos muitos pastores que foram formados nesta escola e que, ao longo de mais de um século, têm pregado o Evangelho e administrado os Sacramentos com fidelidade. Pedimos que continues a abençoar o Seminário, seus professores e alunos, para que sempre sejam movidos pelo teu Espírito Santo e capacitados a servir a tua Igreja. Fortalece em nós a disposição para estudar a tua Palavra e proclamar com alegria a salvação em Cristo Jesus, nosso Senhor, que vive e reina contigo e com o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

Seminário Concórdia! Salve! Salve!
O teu nome é o nosso pavilhão.
Teu passado glorioso nos inspira
nos estudos e em nossa formação.
Dos teus mestres o exemplo e a probidade
são na vida em teu meio a nossa luz.
Seu ensino da celestial verdade
nos converte em obreiros de Jesus.
Seminário Concórdia! Ó baluarte!
Da verdade que haurimos com ardor,
para um dia levar a toda parte
a mensagem do Cristo Redentor!
Seminário Concórdia! Concórdia! (Hino do Seminário Concórdia)

sexta-feira, 18 de outubro de 2024

Festa de São Lucas, Evangelista - 18 de outubro


Hoje, a Santa Igreja celebra com grande alegria o a festa de São Lucas, Evangelista.

São Paulo uma vez chamou Lucas de “o médico amado” (Colossenses 4.14). Ele era, portanto, um médico do corpo, mas ainda mais a Igreja o honra como médico da alma. Além de acompanhar São Paulo em algumas de suas viagens missionárias, São Lucas escreveu mais de um terço do Novo Testamento. Ele pesquisou cuidadosamente e organizou um relato detalhado da vida de nosso Senhor Jesus Cristo, o terceiro Evangelho canônico. Também investigou a propagação do Evangelho, desde Jerusalém, passando por toda a Judeia e Samaria, até os confins da terra (Atos 1.8), incluindo suas próprias memórias do tempo que passou com Paulo.

O Evangelho de Lucas é único em várias características. Primeiro, ele começa com informações que só poderiam ter vindo da própria Virgem Maria. Ele sugere isso quando menciona que Maria “guardava todas estas coisas no coração” (Lucas 2.51), preservando as palavras e acontecimentos que inicialmente não compreendia. Ela deve ter aberto seu coração para Lucas e contado a ele os eventos em torno do nascimento de nosso Senhor. Assim, é apenas no Evangelho de Lucas que conhecemos os detalhes da anunciação (Lucas 1.26-38), da visitação (Lucas 1.39-45), da concepção e nascimento de João Batista (Lucas 1.5-25; 57-66), a viagem a Belém (Lucas 2.1-5), a manjedoura e os pastores (Lucas 2.6-20), os anjos e seu cântico (Lucas 2.13-14), Simeão e Ana (Lucas 2.25-38), e a ida a Jerusalém quando Jesus tinha doze anos (Lucas 2.41-52).

Segundo, o Evangelho de Lucas contém ensinamentos únicos de Cristo: somente lá encontramos a parábola do Bom Samaritano (Lucas 10.25-37), a história do rico e Lázaro (Lucas 16.19-31), o filho pródigo (Lucas 15.11-32), e o fariseu e o publicano (Lucas 18.9-14). Em Lucas, Cristo adverte persistentemente sobre os perigos da confiança nas riquezas (Lucas 12.13-21; 16.13) e destaca o papel das mulheres. Maria sentada aos pés de Jesus para ouvir seus ensinamentos aparece apenas em Lucas (Lucas 10.38-42). Lucas literalmente enquadra seu Evangelho com o templo de Jerusalém, começando e terminando lá (Lucas 1.8-9; 24.52-53), e dele a Igreja tirou diversos cânticos para o culto, como o Ave Maria (Lucas 1.28), o Magnificat (Lucas 1.46-55), o Benedictus (Lucas 1.68-79) e o Nunc Dimittis (Lucas 2.29-32).

O segundo livro de Lucas, o Livro de Atos, relata a propagação do Evangelho após a Ascensão até a prisão de Paulo em Roma (Atos 1.1-2; 28.16-31). Ele nos fornece informações inestimáveis sobre tudo o que o Senhor exaltado continuou a fazer e a ensinar por meio de seus apóstolos. Assim como no Evangelho, Lucas destaca especialmente a obra do Espírito Santo (Atos 2.1-4) e a alegria constante que as boas-novas trazem ao libertar as pessoas da escravidão do pecado e do medo da morte (Lucas 4.18-19; Atos 13.38-39). O testemunho alegre de Lucas sobre a vida de nosso Senhor e a obra do Espírito na Igreja é, de fato, um dos maiores tesouros da Igreja, e por este homem que pesquisou e reuniu essa história para nós, damos graças a Deus neste dia!

Oração do dia
Todo-poderoso Deus, nosso Pai, teu bendito Filho chamou o médico Lucas para ser um evangelista e médico das almas. Concede que a medicina curativa do Evangelho e dos sacramentos possa afastar as doenças de nossas almas a fim de que possamos sempre te amar e servir com corações voluntários; através de Jesus Cristo, teu Filho, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

Cor litúrgica: Vermelha

Leituras Bíblicas:

Primeira Leitura: Isaías 35.5-8
Salmodia: Salmo 147.1-11 (antífona vers.12)
Segunda Leitura: 2Timóteo 4.5-18
Santo Evangelho: Lucas 10.1-9

Na enfermidade, morte e cruz
    relembra: Meu Senhor Jesus
minha alma aflita há de curar,
    e nisto devo me fiar. (HL 375.6)
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Texto e oração traduzido e adaptado de Celebrating the Saints: The Feasts, Festivals, and Commemorations of Lutheran Service Book escrito pelo Rev. William Weedon e publicado pela Concordia Publishing House. Salvo exceção, todas as citações da Bíblia Sagrada são da versão Nova Almeida Atualizada (NAA), da Sociedade Bíblica do Brasil. A letra do hino é do Hinário Luterano da Igreja Evangélica Luterana do Brasil (IELB).

quarta-feira, 16 de outubro de 2024

Liturgia para a celebração da Santa Ceia


 Apresento uma opção para a celebração da Santa Ceia, baseada nas Ordens I e II da Lutheran Service Book, que é a agenda litúrgica da Lutheran Church-Missouri Synod. Esta é uma tradução livre.

A liturgia pode ser acessada pelo seguinte link: Google Drive.

segunda-feira, 14 de outubro de 2024

O uso de crucifixos, imagens e elementos visuais na Igreja Luterana

"Sermão de Martinho Lutero” detalhe de um retábulo (1547)
de Lucas Cranach, o Velho (1472-1553), 
na Igreja Santa Maria em Wittenberg.
O que é idolatria? Ter imagens, como crucifixos, quadros ou estátuas, em nossas igrejas e lares constitui idolatria e pecado? Essas perguntas têm sido motivo de muita discussão, especialmente entre cristãos que debatem se a simples presença de imagens pode se configurar como desobediência ao primeiro mandamento. Para responder adequadamente a essas questões, precisamos olhar para as Escrituras.

O significado de idolatria segundo Lutero
Lutero define idolatria como “um coração que se volta para outras coisas e busca auxílio e consolo junto às criaturas, santos ou diabos, e não se importa com Deus” (Catecismo Maior, 1º Mandamento, p. 416). Com base nisso, percebemos que a idolatria não está na presença de uma imagem em si, mas no fato de depositarmos nossa confiança, amor e temor nessas coisas, em vez de confiarmos unicamente em Deus. Idolatria acontece quando elevamos algo — seja uma imagem, uma pessoa ou uma ideia — ao lugar que só pertence a Deus. Nesse sentido, é possível cometer idolatria sem sequer ter uma imagem, por exemplo, idolatrando dinheiro, sucesso, uma pessoa ou até nós mesmos.

Além de que, de certa forma, abrigamos ídolos ocultos em nossos corações, sejam coisas ou pessoas nas quais depositamos nosso temor, amor e confiança mais do que em Deus Pai, Filho e Espírito Santo. Por isso, devemos constantemente buscar o perdão do Senhor, e ele, por sua infinita misericórdia, nos perdoará. E por que podemos ter essa certeza? Porque Deus, por meio de Jesus Cristo, perdoa todos os nossos pecados.

Entendimento bíblico sobre imagens
Muitos que afirmam que o uso de crucifixos ou imagens é proibido frequentemente citam Êxodo 20.3-4 como argumento: “Não terás outros deuses diante de mim. Não farás para ti imagem de escultura, nem semelhança alguma do que há em cima no céu, nem embaixo na terra, nem nas águas debaixo da terra.” Contudo, esse texto refere-se à prática de adoração a imagens como se fossem deuses, proibindo que elas sejam usadas como objeto de culto e reverência divina.

De acordo com a Bíblia de Estudo da Reforma,
“alguns intérpretes cristãos, rabinos judeus e clérigos muçulmanos interpretaram mal esse texto e concluíram que o povo de Deus não deve criar imagens tridimensionais de nenhum tipo. Desde o século VIII, cristãos ortodoxos insistem que os artistas religiosos se limitem a obras bidimensionais, como pinturas e mosaicos. Andreas Karlstadt, um radical reformador alemão, liderou um movimento para destruir estátuas e remover obras de arte das igrejas, influenciando os reformadores suíços Zwinglio e Calvino a também ‘limparem’ suas igrejas, retirando as obras de arte. Eles permitiam que ilustrações de histórias bíblicas fossem usadas em lares, desde que essas figuras não tivessem uso devocional” (Bíblia de Estudo da Reforma,  p. 147).

Porém, em contraste,
"Deus ordenou que Moisés criasse imagens de querubins para o tabernáculo (Êx 25.18-20), o que mostra que a criação de tais figuras tridimensionais não era proibida. O que Deus proíbe é a adoração dessas figuras, e a criação de imagens que representem o Deus invisível. A palavra hebraica para ‘escultura’, traduzida em Êxodo 20.4, não se refere a qualquer tipo de escultura, mas comumente descreve um ídolo. Exemplos dos querubins no tabernáculo e outras obras de arte no templo de Salomão (como lírios, romãs e bois em 1Rs 7.19-25) mostram que Deus não restringiu a arte a duas dimensões. Mais importante, o próprio Deus assumiu uma forma tridimensional na pessoa de Jesus Cristo, o ‘ícone’ ou ‘imagem’ do Deus invisível (Cl 1.15)" (Bíblia de Estudo da Reforma,  p. 147).

 

A importância do crucifixo e das imagens
O mais importante ornamento do altar é o crucifixo, uma cruz contendo a escultura do corpo de Cristo. O crucifixo enfatiza a humanação de Cristo e seu sacrifício perdoador. Uma cruz lisa e vazia carece dessa ênfase. Há quem afirme que a cruz vazia representa a ressurreição, mas também pode significar uma desvalorização da humanação e uma espiritualização de Cristo. A Igreja Luterana, no entanto, crê que “à parte desse homem não há Deus” (Fórmula de Concórdia, Declaração Sólida, Da Pessoa de Cristo, VIII, 81). Cristo se fez homem e continua presente conosco também de acordo com sua natureza humana. Ele nos dá seu verdadeiro corpo e sangue na Santa Ceia.

Assim como a serpente de bronze, quem olhar com fé para o sacrifício de Cristo na cruz é salvo, não de um veneno, mas de algo muito pior — o pecado e a morte eterna (João 3.14-15; Números 21.8-9). Portanto, o uso de uma imagem com propósito pedagógico, como o crucifixo, não é idolatria, mas um lembrete visual do ato de salvação de Cristo.

Muitas igrejas reformadas e protestantes, seguindo a influência de Zwinglio e Calvino negam a presença corporal de Cristo. De acordo com a tradição delas, é preferível uma cruz simples e vazia como expressão de fé. No entanto, a tradição luterana, por ser de matéria confessional, prefere o crucifixo à cruz vazia, pois o crucifixo enfatiza a obra de Cristo por nós.

A função pedagógica da liturgia e das imagens
O culto cristão envolve todos os sentidos: visão, audição, tato, paladar e olfato. A visão, especialmente, desempenha um papel pedagógico essencial. Todos os aspectos litúrgicos são cuidadosamente preparados e executados com o propósito de nos ensinar por meio do que vemos. As cores dos paramentos, as vestes litúrgicas, as velas, os gestos e os objetos sagrados, como o crucifixo, são utilizados para comunicar a própria Palavra de Deus em forma simbólica e visual.

O crucifixo, em especial, serve como um lembrete do sacrifício de Cristo, ajudando-nos a refletir pedagogicamente, com mais seriedade, naquilo que Cristo fez por nós na cruz, ao dar o seu corpo e sangue por nossos pecados. Isso é especialmente útil quando participamos da Santa Ceia, onde, devido a diversos fatores como cansaço ou distrações, corremos o risco de não fazer o correto discernimento do que estamos recebendo ali no altar: o verdadeiro Corpo e Sangue de Cristo com o pão e o vinho para o perdão dos nossos pecados. A visão do Cristo crucificado nos ajuda a fazer esse correto discernimento na Ceia do Senhor (1Coríntios 11.29). 

O crucifixo não deve despertar compaixão pelo sofrimento de Cristo no Calvário, mas, antes de tudo, lamentação por nossos pecados e gratidão pelo amor de Deus. Se assim for, o crucifixo e outros elementos visuais terão um caráter devocional. O mesmo princípio se aplica a quadros, estátuas e outros objetos na igreja.

O debate sobre a cruz vazia ou o crucifixo
Muitos argumentam que, como “Cristo não está mais na cruz”, a cruz vazia seria uma representação mais adequada. Sim, Cristo ressuscitou ao terceiro dia, vencendo a morte, e essa é a garantia de que também nós ressuscitaremos (1Coríntios 15.20-22). Contudo, se quisermos representar o Cristo ressuscitado, uma cruz vazia pode não ser o símbolo mais adequado, já que as três cruzes ficaram vazias na Sexta-feira Santa. Se quisermos representar corretamente o Cristo ressuscitado, deveríamos colocar uma catacumba aberta, pois foi de lá que Ele ressuscitou.

Por outro lado, a Palavra de Deus é clara: “nós pregamos o Cristo crucificado” (1Coríntios 1.23). Isso não significa que estamos sacrificando Cristo novamente, mas que o conteúdo central da nossa pregação e da nossa vida é o Cristo crucificado, pois foi naquele ato de amor, quando Ele estendeu os braços na cruz, que encontramos o perdão dos nossos pecados e a certeza da vida eterna.

Movimentos como o pietismo, o iconoclasmo e a União Prussiana influenciaram negativamente a valorização das imagens, levando à rejeição de elementos visuais, como o crucifixo.

O próprio pietismo, iniciado no final do século XVII, foi liderado por Philipp Jakob Spener (1635-1705) e August Hermann Francke (1663-1727). Ele enfatizava uma espiritualidade pessoal, focada na experiência individual, muitas vezes rejeitando práticas litúrgicas externas e o uso de símbolos visuais como o crucifixo.

Já o iconoclasmo, por sua vez, ocorreu principalmente durante o período da Reforma Protestante no século XVI, e foi promovido por reformadores como Andreas Karlstadt (c. 1480-1541) e Ulrico Zwinglio (1484-1531). Eles defendiam a destruição de imagens religiosas, acreditando que poderiam incentivar a idolatria. Esse movimento levou à remoção de muitas obras de arte sacra nas igrejas reformadas. A União Prussiana, estabelecida em 1817 pelo rei Frederico Guilherme III da Prússia, tentou unificar as igrejas luteranas e reformadas na Prússia, promovendo a simplificação da liturgia e uma redução no uso de símbolos visuais tradicionais, como crucifixos e paramentos litúrgicos.

No Brasil, além desses movimentos, a Igreja Luterana (IELB) também enfrentou um sentimento anti-católico romano, muitas vezes influenciado pelos próprios pastores, o que levou ao desencorajamento do uso de imagens, como o crucifixo, e até mesmo do sinal da cruz, por serem práticas associadas ao catolicismo romano. Contudo, mesmo que um grupo minoritário na igreja ainda defenda essas ideias, é notável o erro desse pensamento, que aos poucos vem sendo corrigido dentro da própria igreja. Um exemplo disso está presente na rubrica do Hinário Luterano, que em suas declarações trinitárias incentiva: “em lembrança de seu batismo, todos poderão fazer o sinal da cruz”​.

Além disso, como muito bem se sabe, a liturgia e os aspectos litúrgicos não pertencem a uma denominação específica, mas à igreja cristã universal, o que reflete o significado do termo “católico”, que se refere à igreja cristã como um todo, e não apenas à igreja católica romana​​.

Conclusão
Portanto, o uso de crucifixos e imagens em nossos templos ou lares não constitui idolatria, desde que sejam compreendidos como símbolos que apontam para Cristo, "o Autor e Consumador da fé" (Hebreus 12.2), sem serem objeto de adoração. Eles servem para nos lembrar, de maneira visual e concreta, da obra de redenção de Jesus, levando-nos à verdadeira adoração que pertence exclusivamente a Deus (Apocalipse 19.10). Que em tudo, toda honra e glória sejam dadas ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo.

sexta-feira, 11 de outubro de 2024

Comemoração de Filipe, o diácono - 11 de outubro


Hoje, lembramos e agradecemos a Deus pelo seu fiel servo, Filipe, o diácono.

No capítulo 6 de Atos, São Lucas relata que uma confusão surgiu na congregação de Jerusalém. Os cristãos de língua grega reclamaram que suas viúvas estavam sendo negligenciadas na distribuição diária de alimentos, enquanto as viúvas que falavam aramaico eram favorecidas. Os apóstolos, em vez de resolverem o problema diretamente, sabiamente instituíram o que se tornou o primeiro ofício auxiliar na Igreja .“Escolham entre vocês sete homens de boa reputação, cheios do Espírito e de sabedoria, para os encarregarmos desse serviço” aconselharam os apóstolos. “Quanto a nós, nos consagraremos à oração e ao ministério da palavra” (Atos 6.3-4). A sugestão agradou à congregação, e eles selecionaram sete homens, incluindo Estêvão (o primeiro mártir) e Filipe, que hoje comemoramos. Os sete foram apresentados aos apóstolos, que impuseram as mãos sobre eles, colocando-os no ofício. Muitos consideram este evento como o início do diaconato na Igreja.

Após o martírio de Estêvão e o início da perseguição em Jerusalém, muitos membros da congregação foram dispersos. No entanto, onde quer que fossem, levavam as boas-novas de Jesus em seus lábios. Filipe foi para uma cidade na Samaria, onde proclamou o Evangelho. Por meio de sua pregação e dos milagres que o Senhor Jesus realizou através dele, os moradores da cidade foram trazidos à fé, inclusive o famoso Simão, o Mago. Lucas nos diz que “houve grande alegria naquela cidade” (Atos 8.8) com a chegada do Evangelho.

Após Pedro e João confirmarem o trabalho de Filipe em Samaria, o Espírito Santo enviou Filipe para outra missão. Ele foi o escolhido para levar as boas-novas ao eunuco etíope, servo e tesoureiro da rainha da Etiópia. Este homem havia ido a Jerusalém para adorar e estava voltando para casa, refletindo sobre o significado de Isaías 53. Filipe se aproximou e pregou as boas-novas de Cristo, batizando-o logo em seguida. E mais uma vez nos é dito que o eunuco seguiu “o seu caminho, cheio de alegria” (Atos 8.39).

Na última viagem de São Paulo a Jerusalém, que levou à sua prisão, ele foi hóspede por alguns dias na casa de Filipe (Atos 21.8-15). Filipe tinha quatro filhas solteiras que eram profetisas. Enquanto Paulo estava hospedado lá, o profeta Ágabo predisse sua prisão iminente caso ele seguisse para Jerusalém. Filipe e os outros imploraram para que Paulo não fosse, mas ele estava decidido. Paulo estava pronto até para morrer pelo Senhor Jesus. Finalmente, Filipe e os outros cessaram seus apelos e disseram: “Seja feita a vontade do Senhor!” (Atos 21.14).

Oração do dia
Deus onipotente e eterno, nós te damos graças por teu servo Filipe, o Diácono. Tu o chamaste para pregar o Evangelho aos povos da Samaria e da Etiópia. Levanta mensageiros de teu reino nesta e em todas as nações, para que a tua igreja possa proclamar as riquezas imensuráveis de nosso Salvador Jesus Cristo, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, agora e sempre. Amém.

Espírito Santo, ó Deus e Senhor,
    dos céus nos mostra o fulgor.
concede-nos o teu poder;
    na luta faze-nos vencer.
Espírito Santo, ó Deus e Senhor! (HL 139.4)

Texto e oração traduzido e adaptado de Celebrating the Saints: The Feasts, Festivals, and Commemorations of Lutheran Service Book escrito pelo Rev. William Weedon e publicado pela Concordia Publishing House. Salvo exceção, todas as citações da Bíblia Sagrada são da versão Nova Almeida Atualizada (NAA), da Sociedade Bíblica do Brasil. A letra do hino é do Hinário Luterano da Igreja Evangélica Luterana do Brasil (IELB).

quinta-feira, 10 de outubro de 2024

Por que é essencial que nossas crianças frequentem a igreja

POR QUE É ESSENCIAL QUE NOSSAS
CRIANÇAS FREQUENTEM A IGREJA[1]


No cancioneiro “Louvai ao Senhor”, o hino 71 expressa: “Como eu amo o teu templo, como é bom vir aqui.” Estar na igreja é bom. Não importa o quão cansados, distraídos ou indiferentes nos sentimos, quando vamos à igreja, nos colocamos no lugar onde Deus prometeu agir. Ouvimos a Lei e o Evangelho. Recebemos o corpo e o sangue de Cristo, dados por nós. São Paulo nos diz para não “[deixarmos] de congregar, como é costume de alguns” (Hb 10.25). Uma das bênçãos de nos reunirmos é o tempo que passamos com outros cristãos de todas as idades.

Os inimigos de Deus entendem que congregações comprometidas com a Palavra e os Sacramentos são extremamente eficientes em transmitir a fé às próximas gerações. Na Rússia Soviética, por exemplo, isso se tornou um grande desafio para o governo de Nikita Khrushchev[2]. Os soviéticos já haviam deportado milhares de pastores, padres e outros cristãos para trabalhar forçadamente e morrer nos Gulags.[3] No entanto, para manter a ilusão propagandista de que a URSS era o país mais livre do mundo, eles permitiram que algumas congregações continuassem a existir, mas sob estrita vigilância. Ao mesmo tempo, proibiram a participação de crianças nos cultos, numa tentativa de enfraquecer e neutralizar a influência da igreja sobre as gerações futuras.

Que ironia que, nas últimas décadas, os cristãos brasileiros também têm se afastado da igreja por conta própria. Desde o início dos anos 2000, o número de membros das igrejas tradicionais no Brasil começou a diminuir consideravelmente; hoje, aqueles que frequentam regularmente os cultos dominicais são uma minoria. O êxodo é ainda mais acentuado entre os jovens. No Brasil, não foi necessário um regime autoritário para afastar as crianças da igreja. Muitas congregações estão cheias de adultos mais velhos cujos filhos e netos já não participam mais. Estar numa minoria pode ser desafiador. Isso leva à pergunta tentadora: Se nossos filhos são os únicos jovens na igreja, será que realmente vale a pena todo o esforço de levá-los até lá?

Sim, a resposta é sim. Levar, cuidar e vestir as crianças pequenas para o culto é uma tarefa difícil. Ensiná-las a ter reverência e respeito é trabalhoso e, às vezes, até constrangedor. Mas é justamente por isso que ir à igreja com a família se torna uma poderosa confissão de fé. Porque, apesar da dificuldade, o simples fato de fazermos esse esforço ecoa, em pequena escala, a confissão dos mártires cristãos que sofreram a morte por Cristo. É uma oportunidade de testemunhar para o nosso próximo, nossos filhos e até para nós mesmos que Jesus vem ao nosso encontro aqui na terra — e que precisamos dEle.

Não caia na mentira de que as crianças “não vão entender nada” do culto porque “não compreendem” a liturgia ou o sermão. Nossos filhos não precisaram entender a teologia do Batismo para que Deus os redimisse do pecado. Nosso Senhor Jesus age através de sua Palavra — e certamente queremos cercar nossas crianças com essa Palavra o máximo possível. Além disso, as crianças são mais inteligentes do que muitos adultos acreditam. Quando elas ouvem as Escrituras, os hinos e os credos regularmente, têm a chance de refletir sobre essas palavras e guardá-las em seus corações.

A frequência aos cultos molda e ensina nossos filhos de outra maneira também. Hábitos e comportamentos são incrivelmente formativos. Quando colocamos nossos filhos em capacetes e cadeirinhas de segurança de forma consistente, estamos ensinando-os a valorizar a segurança. Quando lhes servimos alimentos saudáveis regularmente, estamos ensinando-os a apreciar uma boa alimentação. Da mesma forma, ao levá-los à igreja constantemente, ensinamos que eles precisam de Jesus e que Jesus é para eles. Ele nos disse para deixar as crianças virem até ele — e ele quis dizer isso (Mc 10.14).

O desafio, é claro, é que crianças na igreja podem ser agitadas. Espero que sua congregação as receba de braços abertos, apesar disso. Na minha igreja, um dos membros, um senhor mais velho sempre ri com carinho quando vê crianças pequenas sendo travessas. “Lembra eu nessa idade”, ele sempre diz. Felizmente, aprendem com facilidade. Ensiná-las é um investimento valioso. Como mãe de cinco filhos, gostaria de compartilhar algumas das estratégias de ensino e expectativas que têm funcionado bem para minha família na igreja.

Em vez de apenas tentar mantê-los quietos, envolvemos até mesmo nossos bebês no culto e, à medida que crescem, exigimos uma participação adequada à idade. Crianças que estão ativamente envolvidas na liturgia tendem a ser muito menos barulhentas de forma inadequada.

1. Ensinamos que a igreja é especial e exige um comportamento especial.
Para ajudar as crianças a entenderem a importância do culto, fazemos do dia de culto uma ocasião especial. Começamos o dia com um café da manhã diferente — algo que elas gostam, é rápido e tem bastante proteína para mantê-las satisfeitas até o final da manhã. Isso geralmente inclui mingau de aveia assado ou ovos com bacon. Também vestimos as crianças com roupas mais elegantes, o que ajuda a criar um clima diferente. Mesmo os meninos pequenos gostam de saber que estão bem-vestidos. E, claro, a maioria das congregações perdoa qualquer travessura de um bebê usando gravata borboleta!

Antes de entrar na igreja, lembramos as crianças de que vamos usar nosso “comportamento de igreja”. Explicamos o que isso significa: ficar voltados para a frente para ver o pastor, evitar distrair os outros, manter o corpo calmo, mãos no lugar e participar do culto.

2. Usamos nossos corpos para participar.
Uma das primeiras coisas que ensinamos aos nossos bebês na igreja é juntar as mãos para a oração. Isso pode parecer algo simples, mas dá às crianças um ponto de referência no culto. Elas já estão acostumadas com isso em casa, e repetir na igreja as ajuda a prestar mais atenção no que o pastor está dizendo, mesmo que seja apenas para ouvir o “amém”. Isso as lembra de que fazem parte da congregação e que o culto também é para elas.

Do mesmo modo, ensinamos nossos filhos a se sentarem quando a congregação se senta e a ficarem de pé quando todos se levantam. Mesmo com as pernas curtas, deixamos que eles fiquem em pé no banco durante as Palavras da Instituição, para que possam ver. À medida que crescem, ensinamos hinos e credos em casa, para que possam cantar junto com a congregação.

3. Lanches simples, não Oreo.
Ficar sentados durante todo o culto vai contra os instintos naturais de uma criança pequena. Para tornar isso mais fácil, levamos uma pequena sacola com itens especiais que eles podem usar durante o sermão: brinquedos silenciosos, livros interativos ou lápis, giz de cera e papel funcionam bem. Este também é um bom momento para oferecer um lanche.

No entanto, queremos que, à medida que cresçam, aprendam a ouvir o sermão em vez de esperarem sempre por um entretenimento. Por isso, os brinquedos e lanches que oferecemos são simples e “infantis”, para que fiquem desinteressantes com o tempo. O mais velho não vai ficar com ciúmes quando dissermos que ele não precisa dos biscoitos de sal velhos da sacola, diferente do que seria se fosse Oreo.

4. É aceitável exigir um comportamento razoável dos seus filhos.
Alguns pais têm medo de que exigir um bom comportamento na igreja crie ressentimento e leve as crianças a odiá-la. No entanto, é dever dos pais ensinar as crianças a se comportarem no mundo. Nós as obrigamos a escovar os dentes, usar cinto de segurança, dizer “obrigado” e sair do parquinho quando chamamos. Da mesma forma, podemos exigir autocontrole na igreja e impor consequências quando necessário. O objetivo não é perfeição. Algumas crianças acharão o culto mais desafiador do que outras, e isso é normal. O que importa é que ir à igreja é bom.

Nenhum de nós sabe o que o futuro reserva. Um dia nossos filhos enfrentarão tristezas, tentações e, talvez, até perseguições. Não podemos controlar como eles reagirão. Mas o que podemos fazer é testemunhar hoje que as respostas que eles precisam estão em Cristo. Fazemos isso a cada semana quando os levamos à igreja para receber as dádivas de Cristo e participar da comunhão dos santos. Estar na igreja é bom.

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[1] O texto a seguir é uma tradução e adaptação do artigo “Taking Your Children to Church: A Powerful Confession of the Faith” escrito por Anna Mussmann e publicado pela The Lutheran Witness. Você pode acessá-lo em https://witness.lcms.org/2024/taking-your-children-to-church-a-powerful-confession-of-the-faith/?fbclid=IwY2xjawF0r91leHRuA2FlbQIxMQABHdlprjeTF2VlN2a_KpWB9gLEOESyGQLcwUI1SI6iNkg6uhODc1jsS1JfkQ_aem_04oL-T5eY62ZkMjVE04TZw.

[2] Nikita Khrushchev foi um político e líder soviético que desempenhou um papel significativo na história da União Soviética durante a Guerra Fria.

[3] Os Gulags foram um sistema de campos de trabalho forçado na União Soviética, que se tornaram notoriedade durante o regime de Joseph Stalin, especialmente entre as décadas de 1930 e 1950. O termo “Gulag” é um acrônimo para “Glavnoe Upravlenie Lagerei”, que significa “Administração Principal dos Campos”.

quarta-feira, 9 de outubro de 2024

Comemoração de Abraão - 09 de outubro


Hoje, lembramos e agradecemos a Deus pelo santo patriarca e ancestral de Cristo, Abraão.

Nascido em Ur dos Caldeus por volta de 2000 a.C., Abrão (como era chamado inicialmente) recebeu o chamado de Deus para deixar sua terra e ir para um lugar que o Senhor lhe mostraria. Lá, Deus prometeu que ele se tornaria uma grande nação e que, por meio de sua descendência, todas as famílias da terra seriam abençoadas (Gênesis 12.1-3). Aos 75 anos, Abrão obedeceu e começou sua jornada. Ele fez uma parada em Harã, mas finalmente chegou à terra de Canaã (Gênesis 12.4-5). Com ele estavam sua esposa, Sarai, e seu sobrinho, Ló. Nesse lugar, Deus apareceu a ele várias vezes ao longo dos anos, repetindo e esclarecendo a promessa feita (Gênesis 12.7; 13.14-17). No início, Abrão pensou que Ló seria seu herdeiro, mas o Senhor deixou claro que nem Ló nem seu servo Eliezer seriam herdeiros (Gênesis 15.2-4). Ao contrário, um filho seu, seria o herdeiro. Abrão acreditou na promessa de Deus, e o Senhor creditou essa fé como justiça (Gênesis 15.6).

No entanto, depois de muitos anos sem que nada acontecesse e cansados de esperar, Abrão e Sarai resolveram tomar o controle da situação. Sarai deu sua serva, Agar, a Abrão, e Ismael nasceu (Gênesis 16.1-4). Mesmo assim, Deus reafirmou que o filho prometido viria de Sarai (Gênesis 17.15-16). Como sinal de sua promessa, Deus mudou seus nomes para Abraão (pai de um povo) e Sara (Gênesis 17.5; 17.15). Finalmente, quando todos os esforços humanos pareciam inúteis, Deus visitou o casal novamente e disse que o nascimento do filho prometido aconteceria dentro de um ano (Gênesis 18.10). Sara, ao ouvir essa promessa, riu de incredulidade, e o nome do filho, Isaque (que significa “riso”), foi dado em memória dessa reação (Gênesis 17.19; 21.3). E assim, conforme Deus prometera, Isaque nasceu (Gênesis 21.1-2).

Um dia, Deus pediu algo assustador a Abraão. Ele mandou que Abraão oferecesse seu filho de volta a ele como sacrifício (Gênesis 22.2). Obediente, Abraão partiu com Isaque e alguns servos para o lugar indicado por Deus. Isaque percebeu que faltava o cordeiro para o sacrifício, e Abraão profetizou: “Deus proverá para si o cordeiro para o holocausto, meu filho” (Gênesis 22.8). Embora Abraão estivesse disposto a sacrificar o menino, ele acreditava de coração que Deus o ressuscitaria dos mortos para cumprir suas promessas (Hebreus 11.17-19). No último instante, um anjo impediu que o velho homem levasse adiante o sacrifício (Gênesis 22.11-12). Isaque foi poupado, e um carneiro foi oferecido em seu lugar (Gênesis 22.13).

A prontidão de Abraão em obedecer e sua fé nas promessas invisíveis de Deus marcaram sua vida desde o momento de seu chamado. Nosso Senhor até disse que Abraão “alegrou-se por ver o meu dia; e ele viu esse dia e ficou alegre” (João 8.56).

Oração do dia
Senhor Deus, Pai celestial, tu prometeste a Abraão que ele seria o pai de muitas nações, guiaste-o para a terra de Canaã e selaste tua aliança com ele pelo derramamento de sangue. Que possamos ver em Jesus, a Semente de Abraão, a promessa de uma nova aliança da tua santa Igreja, selada com o sangue de Jesus na cruz e que agora nos é dada no cálice do Novo Testamento; através do mesmo Jesus Cristo, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.

Ao Deus de Abraão louvai,
    do vasto céu Senhor,
eterno e poderoso Pai
    e Deus de amor,
excelso Jeová,
    que terra e céu criou!
Minha alma o nome exaltará
    do grande “Eu - Sou”. (HL 209.1)

Texto e oração traduzido e adaptado de Celebrating the Saints: The Feasts, Festivals, and Commemorations of Lutheran Service Book escrito pelo Rev. William Weedon e publicado pela Concordia Publishing House. Salvo exceção, todas as citações da Bíblia Sagrada são da versão Nova Almeida Atualizada (NAA), da Sociedade Bíblica do Brasil. A letra do hino é do Hinário Luterano da Igreja Evangélica Luterana do Brasil (IELB).

domingo, 6 de outubro de 2024

O Pecado Imperdoável contra o Espírito Santo


“Em verdade lhes digo que tudo será perdoado aos filhos dos homens: os pecados e as blasfêmias que proferirem. Mas aquele que blasfemar contra o Espírito Santo nunca terá perdão, visto que é réu de pecado eterno.” (Marcos 3.28-29).

Os fariseus e mestres da lei estavam constantemente em oposição a Jesus e buscavam desprezar seus ensinamentos e suas obras. Vez após vez o colocavam à prova, e agora o acusavam de que as obras que fazia eram realizadas pelo poder do diabo, e não pelo poder do Espírito Santo. Por trás de todas essas falsas acusações, o que era visível era a incredulidade deles e o seu rejeito ao Espírito Santo em suas vidas. Eles estavam blasfemando contra o Espírito Santo e sendo culpados de condenação eterna. Estavam resistindo à obra do Espírito Santo, não se arrependendo nem crendo no Filho de Deus, mesmo vendo seus milagres e sinais. Portanto, se faziam merecedores da condenação.

Da mesma forma, hoje em dia, existem pessoas que se recusam a acreditar em Jesus e resistem à obra do Espírito Santo. Estão cegas por sua própria razão, pecados e idolatria. Embora esses pecados não sejam imperdoáveis, são passos em direção à negação e rejeição do Espírito Santo, e seu fim é a condenação eterna.

Jesus nos chama por meio da sua Palavra ao arrependimento por todas as vezes que tentamos obstaculizar a obra do Espírito Santo. Ele deseja que ouçamos atentamente a pregação da sua Palavra, a recebamos de bom grado, para que o Espírito Santo possa operar a fé em nossos corações e nos manter firmes em sua Igreja até que Cristo retorne. Esta é a vontade de Deus para os seus filhos, que creiamos no Filho de Deus, e ao crer nEle, tenhamos a vida eterna.

Oremos: Pai celestial, perdoa-nos por todas as vezes que colocamos obstáculos à obra do Espírito Santo e tentamos nos justificar diante de ti por nossas próprias obras. Por meio da tua Palavra, opera em nós a fé salvadora em teu Filho Jesus Cristo, e mantém-nos firmes nesta verdade até que ele volte para nos salvar. Em nome de Jesus. Amém.

+ Devoção traduzida e adaptada de La Palabra del Señor permanece para siempre, disponível em www.ielco.net/devociones. 

quarta-feira, 2 de outubro de 2024

Mensageiros enviados para servir aos filhos dos homens

Mensageiros enviados para servir aos filhos dos homens[1][2]
Apocalipse 12 e São Lucas 10

São Miguel vencendo Satanás.
Rafael, 1518. Em exposição no Museu do Louvre.
Assim como nós, os anjos também são criaturas do único e verdadeiro Deus. No entanto, eles são seres de tal poder e majestade que nós, seres humanos, limitados e frágeis em nossa carne e sangue, mal conseguimos imaginar como eles realmente são — e isso se torna ainda mais difícil devido ao nosso estado caído e pecador.

Os anjos são criaturas divinas, e talvez, em toda a vasta Criação, não haja seres mais poderosos e majestosos do que eles. E, mesmo assim, esses anjos foram criados para o benefício da humanidade, para honrar e servir os seres humanos. Não que Deus precisasse da ajuda deles, pois não há nada que ele não possa fazer por meio de seu poder. Embora os anjos sejam grandes e majestosos, eles também dependem do Senhor, nosso Deus, para existir e para tudo o que são e possuem.

Deus não criou os anjos porque precisava deles — afinal, Deus não precisa de nada — mas por causa de seu amor divino, Deus quis servir e honrar a nós, homens e mulheres, feitos à sua imagem e semelhança. E isso quer dizer, à imagem e semelhança do Filho encarnado, Cristo Jesus.

Somente o ser humano, entre todas as criaturas de Deus, foi criado para compartilhar e participar da vida divina e eterna de Deus. O Filho de Deus não se tornou um anjo, nem outra criatura qualquer, mas verdadeiro homem, nascido de uma mulher, com carne e sangue como os nossos, mas sem o pecado. Os majestosos anjos foram criados para servir a humanidade por causa desse verdadeiro Homem, Cristo Jesus.

Há indícios nas Escrituras Sagradas — e teólogos ao longo da história da Igreja sugeriram e concluíram — que Satanás e seus seguidores caíram da presença de Deus por orgulho e inveja exatamente por causa disso: os seres humanos foram criados para tamanha glória, e Deus, em sua graça, concedeu tamanha honra a essas frágeis criaturas de carne e sangue. Com ciúme e ressentimento, Satanás se rebelou contra Deus e conduziu outros anjos à rebelião.

E o privilégio que Deus deu aos filhos dos homens é demonstrado, acima de tudo, por uma diferença crucial: enquanto os anjos rebeldes e caídos — o diabo e seus seguidores — não têm oportunidade de redenção, arrependimento e restauração ao seu estado original, o homem caído é elevado com Cristo Jesus por meio do arrependimento e da fé no seu Santo Evangelho.

Como todos sabemos, o homem também se rebelou contra Deus e caiu no pecado, trazendo a morte sobre si mesmo e sobre toda a criação — porque toda a criação foi feita por Deus para abençoar e beneficiar o homem, a quem Deus deu domínio sobre a terra. No entanto, apesar dessa glória e honra da graça de Deus, o homem desonrou a Deus e desobedeceu à sua Palavra. Adão e Eva, assim como todos os seus descendentes, inclusive nós, pecaram contra o Senhor.

Mas para você e para todos os filhos do homem — ao contrário dos anjos caídos — foi dada essa grande redenção em Cristo Jesus, essa restauração e salvação, essa grande honra do Santo Evangelho!

Não é como se os pecados da humanidade fossem menos graves ou ofensivos do que os de Satanás e dos outros anjos caídos. Se você considerar que o pecado de Satanás foi de arrogância, orgulho, inveja e ciúme, perceberá que muitos dos seus próprios pecados são “satânicos” — ou demoníacos, como ouvimos recentemente de São Tiago.[4] Você também é arrogante e orgulhoso em seus pecados, egoísta, centrado em si mesmo e autossuficiente; e você também é invejoso e ciumento do seu próximo, cobiçando o que Deus deu aos outros.

No entanto, o mesmo Senhor Deus, em sua misericórdia, escolheu salvar você pela encarnação de seu Filho!

Essa graça e salvação de Deus tornam o diabo ainda mais furioso. Na verdade, o diabo está determinado a arrastar você e todas as pessoas consigo; ele está desesperado para destruí-lo, tentando mantê-lo longe do único e verdadeiro Deus. Para isso, Satanás o tenta ao pecado, para depois acusá-lo desse mesmo pecado! Não subestime a astúcia do diabo, ele é mais sábio e inteligente do que você. Ele é astuto e enganador. E não subestime sua força, pois ele é mais forte do que você e anda ao seu redor como um leão, buscando devorá-lo.

O diabo fará de tudo para destruí-lo. E, infelizmente, você lhe dá muitas armas com seus pecados, com tudo o que faz contrário à Palavra de Deus. Esse velho dragão, Satanás, o “Acusador”, nem precisa mentir quando aponta o dedo para você, porque ele pode usar a própria Lei de Deus contra você. No entanto, ele é derrotado pela Palavra do Evangelho, porque Jesus o perdoa!

A simples Palavra do Evangelho é a sua arma mais poderosa contra o diabo, todas as suas obras e todos os seus caminhos. A Palavra do Evangelho é sua armadura mais forte e sua proteção contra as armadilhas e a força do diabo. Pois o Santo Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo perdoa os seus pecados, remove toda a sua culpa e o cobre com a própria justiça, santidade e paz do Senhor.

Da mesma forma, por causa deste Santo Evangelho, São Miguel e todos os santos anjos servem e protegem você, conforme a boa e graciosa vontade de Deus. Na verdade, acima de tudo, São Miguel e os santos anjos vivem para servir à vontade de Deus; e é a boa e graciosa vontade de Deus para você, em Cristo Jesus, que você seja resgatado e salvo do pecado, da morte, do diabo e do inferno, e que não pereça, mas viva para sempre com Deus no Paraíso.

Portanto, por causa do Evangelho — o que realmente significa por causa de Cristo Jesus — esses grandes e majestosos anjos de Deus estão constantemente ao seu redor para protegê-lo, salvá-lo da destruição e guardar o seu corpo. E, além disso, eles também protegem e guardam sua alma, para que Satanás não tenha chance de alcançá-lo.

No entanto, não foram os santos anjos, mas homens, que Deus escolheu, chamou, ordenou e enviou em seu nome — não anjos, mas homens — para pregar o Evangelho, perdoar pecados e administrar o Corpo e o Sangue de Cristo Jesus na Santa Ceia. É por meio dessa Palavra e desse Corpo e Sangue de Cristo que você é resgatado e salvo do diabo e de todos os seus ataques e acusações. Mas não são os santos anjos que recebem esse ministério sagrado do Evangelho, mas homens enviados em nome e lugar pelo Senhor Jesus.

Hoje, em particular, damos graças e louvamos a Deus pelo presente dos seus “anjos” humanos, mensageiros de Deus neste lugar — Bryan e Adam — enviados para proclamar o Evangelho a todos vocês!

Neste Santo Ministério, vemos novamente a honra e a glória que Deus deu ao homem, acima até dos santos anjos. São os homens que têm o privilégio de distribuir os dons de Cristo Jesus, e são os homens e mulheres que os recebem. Pois o Filho de Deus todo-poderoso e eterno não se tornou como os espíritos angelicais, mas se fez verdadeiro homem e Salvador de toda a humanidade.

Os santos anjos de Deus veem em você, em sua carne e sangue, a mesma natureza humana que Deus, o Filho encarnado, Cristo Jesus, fez sua própria quando foi concebido e nascido da mulher, Maria. Isso é o que os anjos veem em você. E, da mesma forma, é isso que você deve ver no seu próximo: a imagem e semelhança de Deus, o seu Salvador.

De fato, em Cristo Jesus, o homem mortal — apesar de nossa queda no pecado e da morte e condenação que merecemos por nossos pecados — é elevado, exaltado e glorificado muito acima dos santos anjos: nAquele que por um tempo foi feito menor do que os anjos, mas agora recebeu o nome que está acima de todo nome, o nome com o qual ele o nomeou em seu Batismo. E essa é a sua glória e honra, que pela graça de Deus Ele fez tudo isso por você.

Ao contrário de Satanás e de todos os outros anjos caídos que se juntaram à sua rebelião, São Miguel e todos os santos anjos de Deus não sentem inveja ou ciúmes de você. Eles não ressentem essa graça de Deus para com você e todos os filhos dos homens. Eles não são amargurados com você, nem estão irritados com Deus por sua causa. Ao contrário, sua maior alegria e satisfação está no arrependimento, perdão, fé e salvação dos homens e mulheres — no seu arrependimento, seu perdão, sua fé e sua salvação.

Os santos anjos de Deus se alegram em servir você por causa de Cristo Jesus, seu Salvador. Eles amam fazer isso, porque está de acordo com a vontade de Deus, o Senhor. Essa é a maior alegria de Deus, salvá-lo e dar-lhe vida; e essa também é a maior alegria e satisfação dos santos anjos.

Portanto, por tudo isso, os anjos louvam, honram e adoram a Deus, especialmente porque você foi salvo; porque você foi chamado das trevas para a Luz de Cristo; porque seus pecados foram perdoados; porque você viverá com Cristo para sempre. Nisso todos os anjos no céu se alegram. Quanto mais, então, nós devemos adorar, honrar, glorificar e louvar o nosso querido Deus e Pai por este Evangelho e por esta Vida que ele nos dá gratuitamente por sua graça em Cristo Jesus!

E, junto com todos os seus benefícios, agradecemos a Deus também pelo serviço de seus santos anjos, que até agora se reúnem conosco ao redor do Cordeiro no trono de Deus - o Deus de Deus e Luz da Luz, o verdadeiro Deus de verdadeiro Deus, que se fez carne da nossa carne e osso dos nossos ossos, que levou sobre Si os seus pecados, tristezas e sofrimentos em seu próprio corpo na Cruz, que foi crucificado, morto e sepultado por você, para expiar seus pecados e reconciliá-lo com Deus, que ressuscitou dos mortos, subiu aos céus e está sentado à direita do Pai para sempre.

Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amém.

O Culto Luterano: o processional

   
Processional em Culto no Seminário Concórdia

    Todo culto ou evento precisa de um início. A maneira como algo começa define o clima e o tema do que está por vir. Um exemplo famoso é a abertura dos filmes de Guerra nas Estrelas, que sempre começa com a frase: “Há muito tempo, em uma galáxia muito, muito distante”, seguida do logotipo de Guerra nas Estrelas e uma introdução que contextualiza a história daquele filme específico. Essa abertura prepara o clima e as expectativas para o filme que está por vir. Da mesma forma, todo culto tem um rito de entrada. Ele é essencial para definir o clima e o tom para o restante do culto.
    Em algumas igrejas, o culto começa com o pastor dando as boas-vindas e com uma banda de louvor tocando. Embora esses elementos não sejam vistos formalmente como um “rito de entrada”, eles indicam o início do culto. A maneira como o culto começa influencia a expectativa e a direção para o restante da celebração. Em um culto litúrgico, o rito de entrada inclui três elementos principais: o hino de abertura, a procissão e a invocação.

O Hino Processional
    Em muitas igrejas modernas, as músicas são frequentemente agrupadas em um bloco de “louvor e adoração” no início do culto. No entanto, nas igrejas litúrgicas, os hinos são distribuídos ao longo da liturgia. O primeiro deles, chamado de “hino processional”, marca o início do culto. Outros hinos são entoados antes do sermão, após a bênção e, em alguns casos, durante a distribuição da Santa Ceia. A seleção desses hinos segue o calendário litúrgico, sempre refletindo o tema das leituras e do sermão. O hino processional representa o momento em que a congregação deixa para trás as preocupações da vida cotidiana e adentra a presença de Deus, onde o céu e a terra se encontram. Durante este hino, é costume que a congregação permaneça de pé, em sinal de reverência a Deus e reconhecimento da santidade do momento.
    Ao entrarmos na igreja, é como se estivéssemos em um mundo à parte. Pelo Santo Batismo, somos filhos de Deus e herdeiros dos céus. Assim, ao adentrar a igreja, entramos em um lugar onde nós, como filhos batizados que já possuímos a vida eterna por meio de Cristo, viveremos junto com “anjos e arcanjos, e com toda a companhia celeste” (Hebreus 12.22-24). Estaremos diante de Cristo, seja nos céus quando partirmos deste mundo, seja na Nova Jerusalém, quando testemunharmos a tão esperada volta de Cristo a este mundo (Apocalipse 21.1-4).
    Esse pensamento é consolador, pois já aqui, neste mundo, temos a oportunidade de experimentar aquilo que faremos após a morte: adorar o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, rendendo louvores ao seu santo nome. Como é reconfortante saber que, a cada semana, podemos ter um vislumbre do que é o céu! Como é maravilhoso poder nos desligar deste mundo imperfeito e repleto de pecado e, ao entrar na igreja (um pedaço do céu), entregar a Jesus todas as nossas dificuldades e angústias – sabendo que no céu não haverá mais sofrimento, e sair de sua casa com os ombros mais leves. Pois, onde está Jesus, ali também está o céu.
    Afinal, quer saber o que você fará quando deixar este mundo ou quando Jesus voltar em glória? Vá ao culto. Se você deseja passar a eternidade com Cristo, certamente não se recusará a dedicar 1 ou 2 horas por semana para já começar a viver essa realidade maravilhosa.

O Processional
    Durante o hino processional, o pastor e seus auxiliares processam (caminham) até o altar. Essa procissão geralmente inclui um acólito (quem acende e apaga as velas), leitores e outros oficiantes ou auxiliares. Às vezes, o coral da igreja também participa. A procissão simboliza o povo de Deus se reunindo e caminhando em direção ao altar, que é o ponto central do culto. Ao caminhar, a atenção da congregação se volta para o altar, onde Deus encontra seu povo.
Processional na Paróquia Castelo Forte
de Itueta - MG, em 27/06/2021
    As procissões recordam como as multidões seguiram ou receberam Jesus em suas jornadas, especialmente no Domingo de Ramos. Além disso, elas simbolizam a entrada de Cristo para realizar seu
serviço ao povo (Lucas 22.27), por meio do Santo Ministério. Se uma procissão for utilizada, é importante escolher um hino de entrada com um ritmo claro para que os participantes possam caminhar em um ritmo confortável. Ao planejar uma procissão, a ordem dos participantes comunica a importância do evento. A procissão começa com a cruz processional, que simboliza que a Igreja Cristã segue o Senhor. O cruciferário, que é quem carrega a cruz, caminha deliberadamente, nem muito devagar, nem muito rápido. A cruz deve ser carregada em posição vertical, preferencialmente com uma mão segurando o bastão da cruz ou tocha ao nível do rosto e a outra mão segurando o bastão ao nível da cintura. Tanto a cruz quanto as tochas devem ser elevadas acima do nível dos olhos da congregação que está em pé.
    Não existe uma regra fixa sobre a ordem de entrada. Normalmente, a sequência costuma ser a seguinte: cruciferário, leitores, acólitos, oficiantes auxiliares (se houver) e o pastor celebrante principal, que é aquele que irá celebrar a Liturgia da Santa Ceia. É muito comum também que, em cultos festivos, onde há a presença de muitos pastores, eles entrem em dupla. Isso não está errado, mas é importante que aquele que irá liderar a liturgia, ao chegar no altar, fique no meio, para garantir uma boa dinâmica e evitar movimentações desnecessárias durante a celebração litúrgica.
    Ao longo dos séculos, a tradição de ter uma cruz processional e uma cruz fixa no altar se consolidou, destacando a importância da morte expiatória de Cristo no culto cristão. Muitas igrejas também possuem uma cruz ou crucifixo na parede atrás do altar. Ao final da procissão, o pastor e todos que participaram do processional fazem uma reverência diante do altar, em sinal de respeito a Cristo. Para alguns, isso pode parecer uma adoração ao altar, mas, na verdade, é um gesto de reverência a Deus, que está presente no altar. Este é o local onde Cristo se faz presente com Seu verdadeiro Corpo e Sangue, unidos ao pão e ao vinho. Ao entrar no culto, os fiéis na terra se curvam assim como os seres celestiais se curvam diante do trono do Cordeiro (Apocalipse 5.8-14).

+ Rev. Filipe Schuambach Lopes